Na tarde do dia 21 de julho, moradores do bairro Bom Juá, em Salvador, bloquearam os dois sentidos da Avenida Barros Reis em protesto ao assassinato de um trabalhador pela Polícia Militar (PM) na noite anterior, às 23h. O trabalhador assassinado chamava-se Rodrigo e era mecânico.
O protesto foi realizado por dezenas de moradores, que bloquearam as vias com pneus em chamas. Eles permaneceram no local por horas, resistindo às tentativas de dispersão pela PM e levantando cartazes e palavras de ordem denunciando a execução.
A família do trabalhador denunciou a estória da PM sobre o seu assassinato. A PM alegou que, em uma ronda, policiais encontraram o jovem baleado após ter entrado em confronto com um bando de suspeitos armados. Não houve apresentação de quaisquer policiais ou viaturas atingidos pelo suposto confronto.
Os policiais acrescentaram, ainda, que encontraram “uma submetralhadora 9 milímetros, 7 munições, 125 pinos de cocaína, 112 trouxas de maconha, 2 sinalizadores, 9 lanças perfume e embalagens para drogas”. Números de apreensão assim não são atingidos nem mesmo em mega-operações nas favelas cariocas.
Bahia é o estado com mais assassinatos policiais no Brasil
A Bahia, governada pelo reacionário Jerônimo Rodrigues Souza (PT), é o estado brasileiro com mais assassinatos policiais registrados em 2022, segundo dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 20/07. O estado teve 1.464 assassinatos policiais. Somado ao Rio de Janeiro, que registrou 1.330 casos, são 43% das mortes causadas por policiais em todo Brasil no ano passado.
As mortes decorrentes de ações das polícias civil e militar representam 22% de todas as 6.659 mortes violentas registradas no estado em 2022. No que diz respeito às operações policiais, o número de mortes aumentou em 9,7% em comparação a 2021.
Velho Estado tenta justificar guerra contra o povo
Nos dados produzidos pelo próprio estado, campeão brasileiro na matança de pobres, não são contabilizados os assassinatos cometidos por policiais. A Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-BA) afirma que não contabiliza as mortes de “pessoas inocentes” na mesma conta de supostos “traficantes, assaltantes, entre outras pessoas que morreram em confronto durante ações policiais”, e não apontou para nenhum número de assassinatos policiais em 2022.
A declaração da SSP-BA não difere das repetidas diuturnamente pelas secretarias e instituições do velho Estado brasileiro, que levam à cabo verdadeira guerra contra os pobres. Sob a justificação do “combate ao crime”, é promovido o choque permanente, controle e cerco das massas trabalhadoras.
Um morador do bairro em que morava Rodrigo, em suas redes de internet, denunciou o crime contra o povo: “O sistema é covarde, só entra na comunidade para matar inocente. O menino mecânico, trabalhador, com tudo pela frente. Mas é aquilo né, pra polícia todo preto é ladrão.”
