Hoje, no Brasil, é celebrado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data, formalizada nacionalmente em 2003, traz à tona as enormes desigualdades, discriminação e o genocídio sofrido pelo povo preto e pobre no País, especialmente no estado mais negro do Brasil, a Bahia, e na sua cidade mais negra, a cidade de Salvador. Em oito anos, houve um aumento de 300% em homicídios realizados pela polícia.
Em 2021, a Rede Observatório de Segurança, lançou um relatório sobre a brutalidade policial no Brasil, que constatou um índice alarmante. A cada quatro horas, em seis dos sete estados monitorados pela Rede (Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo), uma pessoa preta foi assassinada em operações policiais. Na cidade de Salvador, todas as vítimas da polícia são pessoas negras e no estado da Bahia, que possui a polícia mais letal do Nordeste, 98% das vítimas mortas em ações policiais são pretas. O índice é elevado também para todos os outros estados, revelador do caráter da guerra civil reacionária travada pela polícia contra o povo pobre.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sob o comando do ex-governador, Rui Costa (PT), os homicídios realizados pela polícia aumentaram de 354 para 1.464 em média entre 2015 e 2022. Já o seu sucessor, Jerônimo Rodrigues, também do PT, em setembro de 2023, intensificou operações policiais que deixaram 52 mortos em todo o estado, promovendo verdadeiras chacinas, que atingiram principalmente as regiões periféricas das cidades. Apesar da resistência e rechaço popular, a ordem de terror reinou nas favelas sob a justificativa farsesca das “guerra às drogas”.
Entre janeiro e setembro de 2023, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) gastou 4 milhões e 200 mil reais em publicidade, para limpar sua imagem e promover cada vez mais a intensidade do genocídio que está sendo feito. Na velha política, há três cabeças da mesma ‘Hidra’, com a oposição ‘Carlista’ e ‘Bolsonarista’ apenas criticando a inefetividade do governo petista em diminuir os índices de homicídio no estado, porém, ignorando completamente a brutalidade policial e clamando por um maior banho de sangue. A manutenção da guerra contra o povo preto e pobre é consenso tanto no governo quanto na “oposição”.
Há de se observar que o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra não é celebrado oficialmente na cidade de Salvador, demonstração do desgosto das classes dominantes ao povo preto, principalmente ao povo preto e pobre e suas históricas lutas de resistência contra a opressão, a exploração e a escravidão. Embora seja vendida a ilusão turística da harmonia social, qualquer um que observe atenciosamente notará o encarceramento em massa, a miséria generalizada e as intensas contradições na sociedade soteropolitana.
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