Ex-funcionários do transporte metropolitano de Salvador foram reprimidos com balas de borracha e bombas de gás pela Polícia Militar (PM) do governador Jerônimo Rodrigues (PT) durante um protesto pelo pagamento de verbas rescisórias não pagas por grandes empresas do monopólio do transporte baiano. Eles denunciam que pelo menos 500 ex-funcionários não receberam os direitos.
O protesto foi iniciado antes das 8 horas da manhã com o fechamento de duas vias da Estrada do Coco no sentido o aeroporto da cidade. A manifestação foi organizada de forma espontânea pelos trabalhadores demitidos, que afirmam não terem recebido verbas rescisórias das empresas BTM, VSA e Linha Verde.
As tentativas de desmobilização por parte da PM se iniciaram logo após o início do protesto, quando os policiais tentaram restringir os limites da manifestação a uma única via. Frustrados pela resistência dos trabalhadores, que ainda fecharam uma terceira via, os PMs não tardaram a iniciar a repressão. Bombas de gás e balas de borracha foram disparadas contra o protesto. Imagens tiradas pelos trabalhadores mostram ferimentos causados pela repressão.
“Aí o governo do estado aí, jogando bomba de efeito moral nos trabalhadores. Mas nós não vamos nos acovardar não! Não vamos nos acovardar! Queremos nossos direitos”, afirmou um trabalhador, em vídeo publicado nas redes sociais.
A direção do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários da Região Metropolitana (Sindmetro) se solidarizou com os manifestantes em nota e denunciou o governo de Jerônimo Rodrigues. “Lembramos que a polícia de choque só sai para rua com ordem direta do Sr. governador”, afirmou o documento.
Desempregados e sem direitos
Não é o primeiro caso recente de mobilização de trabalhadores vítimas das demissões em massa e que não tiveram os direitos garantidos. Protestos similares ocorreram nos últimos meses em outros estados do Nordeste, além de mobilizações de operários contra os planos de terceirização, privatização e outras medidas que ameaçam a estabilidade no emprego.
Cada vez mais, cresce o número de massas relegadas ao desemprego, à falta de direitos e à miséria frente ao avanço da crise do capitalismo burocrático brasileiro. Frente à essa situação, o governo continua a celebrar os dados manipulados de “queda do desemprego” (impulsionado pelo aumento da informalidade, destino comum dos trabalhadores demitidos) e avançar com os cortes e bloqueios orçamentários de direitos básicos e contrarreformas de piora das condições de vida, como novo “arcabouço fiscal”.