BA: Polícia invade horta e agride militante da organização Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto

BA: Polícia invade horta e agride militante da organização Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto

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Foto: Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto

No último dia 5 de outubro, policiais militares invadiram a horta comunitária África Livre – organizada pela organização ‘Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto’ e localizada no Parque Solar Boa Vista, em Salvador, Bahia – e agrediu o militante e escritor Hamilton Borges, que também é articulador da Escola Winnie Mandela.

Em nota de denúncia publicada no dia 7 de outubro, o Comando Vital Reaja, do Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, apontou que “em suas práticas costumeiras de ataques, esculacho, achaques e abordagens violentas e sem motivos fundados – que envolvem socos, tapas e prisões arbitrárias de jovens pretos e pretas frequentadores do Parque, [os policiais] entraram aos gritos de ‘mãos na cabeça, porra!'”. 

A denúncia ainda diz que os policiais exigiram que Hamilton colocasse as mãos na cabeça e se virasse para parede. Diz a nota: “O militante se recusou exigindo um motivo fundado para aquela abordagem realizada por seis policiais de forma truculenta com armas engatilhadas”, e isto ocorreu no momento em que outros militantes e crianças da Escola Winnie Mandela faziam a rega diária da horta construída de forma autônoma pela organização. “Hamilton Borges teve duas armas apontadas para sua cabeça e, numa condição de vulnerabilidade e humilhação, teve que ceder ao arbítrio e ao terror de Estado personificado naqueles policias”, acrescenta.

Não bastasse a violência absurda da polícia, a nota ainda afirma que um dos agentes ainda pegou a identidade do militante e tirou fotos, “realizando este registro sem se saber exatamente para que, uma vez que não havia qualquer fato que justificasse, situação bastante similar aos tempos da ditadura militar que persiste em nossos territórios pretos assolados de brutalidade policial, terror e morte”.

Foto: Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto

Hamilton declarou que se sentiu “profundamente desrespeitado, destituído de sua humanidade e dignidade”, e “compreende que esse é um processo cotidiano vivenciado pelo povo preto da Bahia. O fato é que a Reaja vive nas ruas como qualquer pessoa do povo e não está a salvo dessa violência que alguns querem resolver com editais, seminários e rodas de conversa”.

O Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto termina sua nota de denúncia levantando as seguintes observações:

“Essa nota é um alerta e uma exigência. Alertamos as organizações parceiras e de luta real que não se submetem ao poder político e financeiro do governo que a Reaja, Organização política e seus militantes estão na alça de mira das milícias, policias e grupos de extermínios com total silêncio de instituições que deveriam zelar pelos direitos humanos.”

E arremata:

“Exigimos do governo do Estado e de sua Secretaria de Segurança Pública, que age de acordo com os princípios Lombrosianos e de forma privada, que retire de seus registros a foto do RG de nosso militante que parece mais um ardil para emboscadas, perseguição e retaliação futuras, prática corriqueira na policia baiana – com seu manual de tatuagem e outras medidas inconstitucionais – que levam pessoas pretas como clientela do complexo milionário prisional.

Tememos por nossas vidas, mas não nos calaremos e seguiremos no mesmo sentido de luta que nos trouxe até aqui.”

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