BA: Policiais executam jovem e população ergue barricada

BA: Policiais executam jovem e população ergue barricada

Policiais mataram um jovem de 21 anos, chamado Fabrício de Jesus, na comunidade de Vila Vitória, em Salvador (BA), no dia 13 de janeiro, segundo informações de testemunhas. A execução ocorreu durante operação da Polícia Militar (PM). Moradores protestaram no dia seguinte e repudiaram os militares.

Os manifestantes, revoltados, atearam fogo em uma barricada erguida com diversos materiais no bairro Fazenda Grande III. Eles fecharam a faixa que dava acesso a Cajazeiras V e VIII, dois bairros próximos, e fecharam ainda o acesso à avenida Aliomar Baleeiro. Os manifestantes exibiram cartazes denunciando o crime policial.

Uma moradora contou que a população sente medo por causa das constantes ações violentas as PM.

“Minha revolta é que a gente não pode fazer um aniversário, a gente não pode fazer uma festa, porque eles chegam atirando, achando que todo mundo é vagabundo. As mães saem para trabalhar e saem preocupadas, com medo de encontrar morto seus filhos. Eles (policiais) disseram que iam socorrer, mas levaram o menino morto”, diz a moradora.

Rosilene Ramos, mãe do Fabrício, disse que o filho nem teve tempo de reagir: “Ele estava sentado com o esposo de uma vizinha conversando quando a polícia chegou, ele levantou e já tomou um tiro na perna. Meu filho pediu socorro e chamou por uma vizinha, pediu pelo amor de deus para não matarem ele, implorou para não morrer. A polícia enrolou ele e disse que estava dando socorro. Eu estive no local e vi todo aquele sangue, a sandália dele jogada, até as cápsulas de bala nós achamos”, lembrou a mãe do rapaz.

“Fizemos o protesto para cobrar justiça e mudanças na forma de abordagem da polícia com os moradores. Temos crianças brincando na rua, que precisam sair correndo para dentro de casa quando a polícia chega. Eles que vestem a farda, dizendo que estão honrando e defendendo as pessoas, estão na verdade nos oprimindo”, completou a mãe, que revelou que irá conversar com o restante da família para decidir como proceder com o caso.  

Ela afirma ainda que “ele foi revistado, disse que não tinha nada, levantou as mãos e mesmo assim, atiraram nele”. “Vamos conversar com alguns familiares para nos instruir melhor, para saber se vamos fazer alguma coisa. Vamos correr atrás de justiça”, finalizou.

Mais um jovem criminalizado pelo velho Estado 

O filho, segundo Rosilene, foi preso uma única vez, em 2016, após uma acusação falsa por parte da polícia. “Uma vez ele foi incriminado por uma acusação de matar um policial e provamos que era mentira. Ele ficou preso por 1 ano e 4 meses. O policial que acusaram ele de ter matado estava vivo e presente no dia do depoimento, e a acusação foi retirada. Não corremos atrás pois, infelizmente, as coisas são difíceis para quem não tem recursos. Somos fracos de dinheiro e de condições, aí as coisas ficam por isso mesmo. Não demos seguimento por medo de ameaças, mas ele cumpriu a prisão dele e saiu depois”, completou.

Jovem Fabrício, assassinado pela polícia durante operação. Foto: Banco de dados AND

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