BA: Policial agride jovem negro por racismo

BA: Policial agride jovem negro por racismo

Print Friendly, PDF & Email

Um policial militar foi filmado por moradores do bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador, agredindo um jovem durante uma abordagem. O caso aconteceu no dia 2 de fevereiro, mas o vídeo começou a circular somente dia 3. 

Na abordagem um policial esmurra o adolescente de 16 anos que estava sendo revistado ao lado de um homem. O jovem preto é espancado com murros e chute dados nas costas, além de insultos racistas por parte do policial militar. O agente retira a boina do jovem que usa cabelo no estilo Black Power e a joga no chão. 

Ao ouvir o rapaz dizer que é trabalhador, o militar retruca: Você pra mim é um ladrão. Você é vagabundo! Essa desgraça desse cabelo. Tire aí [o chapéu], vá! Essa desgraça aqui. Você é o quê? Você é trabalhador é, viado?”.

O adolescente agredido diz estar com medo de sair de casa e se sente ameaçado. “Não me sinto mais à vontade para usar [o Black Power]”, disse. Ele usa esse estilo de cabelo há pelo menos um ano e foi a primeira vez que foi discriminado.

Ele relembra que no dia da abordagem tinha levado uma amiga de sua namorada no ponto de ônibus. “Parei para conversar com um colega que estava de carro. Foi quando a viatura veio e fez a abordagem. Deu chute primeiro na perna do meu colega e depois veio para cima de mim. Falou que eu era vagabundo com esse cabelo aqui, ladrão”, recorda. Desde o episódio, o adolescente não sai de casa. “Penso que ele pode vir atrás de mim por causa do vídeo. Não estou saindo de casa para nada”, disse ele.

Questionado se já havia passado por uma situação semelhante, o rapaz respondeu: “uso o corte há mais de um ano e nunca passei por isso, sequer fui alvo de comentários racistas, enquanto no domingo fui espancado”, finalizou. 

O adolescente é o mais velho dos três filhos de Carina Barros. Ela espera justiça.

“Fica o medo. Meu filho não errou. O erro foi do policial. Mesmo que meu filho tivesse feito algo de errado – o que ele não fez – não é dessa forma que se deve abordar as pessoas. Meu filho foi espancado por quem deveria proteger os cidadãos”, declarou. 

A patrulha policial “colocou os meninos encostados no muro e começaram as agressões. Além de xingá-lo de vagabundo, deu bicuda e socos nele. Fiquei chorando, mas não podia fazer nada por que ele estava me olhando com raiva”, contou a namorada do rapaz.

Racismos existe e é crime, precisa ser extinto da sociedade 

Orlando Zaccone, 53 anos, é delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Formado em Direito, ingressou na corporação em 1999 e promove denúncias contra atitudes desse tipo: 

“O ódio aos pobres, esse racismo estruturante, está difundido em muitos locais da sociedade. Assim, esse policial encontra o local propício para exercer essas funções genocidas. Esse policial vai ser punido e outro será colocado em seu lugar para exercer as mesmas funções”, explica Zaccone, em entrevista ao Brasil de fato.

Um balanço divulgado pelo Grupo de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do Ministério Público mostra que somente nos últimos cinco anos o órgão recebeu 896 denúncias por discriminação em razão da origem, raça, cor ou etnia. No ano passado foram 205, um crescimento de 30,5% em relação a 2014, que foi de 157.

No vídeo que circula na internet, é possível ver o adolescente sendo espancado e xingado pelo PM. Foto: Bom Jesus Notícias.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: