Um ônibus foi incendiado no dia 25 de janeiro em protesto contra o assassinato de Geovanna Nogueira da Paixão, de 11 anos, baleada na cabeça na porta de casa no bairro Jardim Santo Inácio, em Salvador (BA), na manhã de 24 de janeiro.
Horas depois do assassinato, cerca de 50 pessoas protestaram contra este crime bloqueando a Avenida Cardeal Brandão Villela, na entrada do bairro Jardim Santo Inácio. Os manifestantes revoltados exigiam justiça e acusavam a polícia de ser a responsável pela morte da criança. Cartazes estampavam frases como Queremos justiça, polícia mata criança e Queremos paz e vida e não morte.
Segundo os familiares, a morte de Geovanna ocorreu durante operação realizada por policiais militares da 48ª Companhia Independente (CIPM/Mata Escura) na comunidade conhecida como Paz e Vida. “Eu estava chegando e ela saiu na porta pra abrir o portão. Daí um carro preto se aproximou e policiais saíram atirando. Aí, ela foi baleada”, denunciou o avô Francisco Carlos Nogueira, de 66 anos, em entrevista a um órgão do monopólio de imprensa (G1). Geovanna chegou a ser socorrida e encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Inácio, mas não resistiu aos ferimentos.
Dois dias depois do assassinato, o corpo de Geovanna foi enterrado na tarde de 26 de janeiro, no Cemitério Municipal de Paripe, Salvador, sob o clima de muita revolta e tristeza. Cartazes exigindo justiça foram levantados e palavras de ordem entoadas. “Não acabou. Tem que acabar. Eu quero o fim da Polícia Militar”, gritaram familiares, amigos e vizinhos de Geovanna.
“Eu quero que os policiais sintam remorso. A cena da minha filha morta ninguém vai tirar da minha cabeça. Infelizmente, nada vai trazer a vida dela de volta”, lamentou durante o enterro a mãe da vítima Maria Ângela em entrevista ao Correio da Bahia.
No mesmo dia do enterro, dois policiais militares envolvidos na operação entregaram as armas para serem periciadas pelo Departamento de Polícia Técnica e foram transferidos para trabalhos administrativos até a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM). O número total de PMs envolvidos na operação não foi divulgado.
Há quatro meses Geovanna havia se mudado para o bairro Jardim Santo Inácio para residir na casa dos avós junto com a mãe. “Eu catei até lixo para cuidar da minha filha, pra ver ela crescer. Agora eu perdi tudo”, desabafou o pai da vítima, Jorge Luiz Santos da Paixão, ao G1.
Ônibus foi incendiado em repúdio ao assassinato da jovem na Bahia
Geovanna foi baleada na cabeça quando corria para ver o avô