Na última quinta-feira (13/2), funcionários da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, a Neoenergia Coelba, em Salvador, na Unidade Territorial de Distribuição (UTD) de Pirajá, se mobilizaram contra demissões em massa, denúncias de assédio e contra a tentativa da empresa de atacar os direitos conquistados há mais de 30 anos, como a folga nos “Dias Pontes” (dias que antecedem ou precedem um feriado, caso sejam dias úteis) e a remuneração extra pelo trabalho no carnaval. O diretor de imprensa da Sinergia Bahia, sindicato dos eletricitários do estado, Luciano Damásio, criticou duramente a maneira como os funcionários foram afetados pela medida.
“O grupo Neoenergia, de uma forma nefasta, de uma forma unilateral, quer acabar com o bem-estar da classe trabalhadora dos eletricitários do Estado da Bahia, que dá muito lucro ao grupo. Só no ano passado, o lucro obtido pela empresa chegou a quase R$ 5 bilhões. E agora ela faz conta de palito para tirar o que é de direito do trabalhador? Nós não vamos aceitar de forma nenhuma! Vamos continuar na luta!”, disse Luciano. Em Vitória da Conquista, no mesmo dia, outra paralisação realizada por funcionários da Coelba ocorreu, contra mudanças unilaterais no calendário laboral que afetavam diretamente a programação de folgas.
Em ambos os casos, o sindicato denunciou metas inalcançáveis, assédio moral, ameaças de demissão e falta de recursos adequados para execução dos serviços. Foram relatados veículos sucateados no serviço e a exigência do uso de celulares particulares para o trabalho, prática considerada ilegal. A Coelba, entretanto, mesmo com as inúmeras denúncias recentes e sua forma de aplicar tais medidas sem comunicação, afirmou em notas que possuía “canais de diálogos permanentes com os funcionários” e estava seguindo “todas as práticas trabalhistas legais”, respeitando todos os “colaboradores” e se mantendo à “disposição para resolver os problemas.”
Nesta segunda-feira (17/2), a situação apenas parece ter se agravado, quando funcionários da Dínamo, empresa que presta serviços de energia elétrica para a Coelba, iniciaram uma paralisação em Salvador, Jacobina, Feira de Santana e Santo Antônio de Jesus. Os trabalhadores reivindicam o pagamento de três férias vencidas e não pagas, três anos de FGTS e INSS que a empresa não recolheu, além do pagamento do vale-transporte. De acordo com Carlos Silva, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia – Sintracom-BA, “A Coelba, como empresa principal, deve assumir a responsabilidade e garantir os direitos dos trabalhadores, que atuam em condições de alta periculosidade e risco à vida.” A Bahia enfrentou um aumento de cerca de 170% na tarifa de luz em 2024, com a destruição do meio natural, causada diretamente pelo latifúndio, impulsionando ondas de calor, que aumentam o uso de eletrodomésticos em várias residências. Além disso, as secas e a falta de chuvas, condições climáticas também provocadas pelas gigantescas queimadas, levam ao acionamento das chamadas “bandeiras tarifárias”, que elevam ainda mais o preço. Com isso, todo mês, o povo baiano é forçado a pagar absurdos valores por um serviço sucateado, controlado pelo monopólio privado que submete funcionários às piores condições possíveis de trabalho.