Dezesseis trabalhadores foram encontrados confinados em regime de servidão a bordo de um navio norueguês ancorado na Baía de Todos-os-Santos, Salvador. Eles teriam ficado cinco dias alojados no navio em condições precárias e expostos ao frio e ventania, sendo explorados por 14 horas todos os dias.
Entre os dias 23 e 27 de julho, uma operação de resgate foi conduzida por auditores- fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA), com o apoio da Marinha. Dezesseis trabalhadores foram resgatados: nove naturais de Salvador, três capixabas e três maranhenses, que foram submetidos a longas jornadas de servidão em um navio cargueiro das Ilhas Marshall que pertencia a uma empresa norueguesa. Eles realizavam serviços de lavagem e pintura dos porões sob
condições degradantes.
A investigação realizada pela SRTE-BA, constou que os trabalhadores não possuíam local adequado para alimentação, higiene e descanso, dormindo em colchões disponíveis no convés, tendo que tomar banho com uma mangueira em uma área aberta e ficavam expostos ao frio todas as noites. Também, sofriam com uma jornada de trabalho de 14 horas, com apenas uma hora para o almoço, que ocorria das 6h às 21h.
Após a operação, os trabalhadores que foram contratados por uma empresa de Vitória (ES) foram hospedados em terra e alguns dos trabalhadores já receberam suas verbas salariais e rescisórias, mas outros ainda as aguardam. Todas as vítimas já retornaram para seu estado, porém ainda não houve sequer menção de uma devida punição para as empresas e partes envolvidas.
Na Bahia, ao menos outras 148 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo em fazendas de cacau nos últimos 15 anos, evidenciando que o caso do navio norueguês não se trata de um fato isolado, mas apenas mais uma expressão das relações de servidão e semisservidão que seguem vigentes no País e exploradas pelo imperialismo — neste caso, imperialismo norueguês.