BH: Vítimas de temporal protestam contra abandono da prefeitura

BH: Vítimas de temporal protestam contra abandono da prefeitura

Moradores atingidos pela chuva ergueram uma barricada em chamas em um dos protestos em que cobravam atitudes da prefeitura. Foto: Reprodução.

Moradores do bairro Primeiro de Maio, na região nordeste de Belo Horizonte, realizaram dois combativos protestos, na segunda-feira (08/02) e quarta-feira (10/02), após terem suas casas alagadas e seus pertencentes (móveis, eletrodomésticos, roupas, utensílios, etc.) destruídos pela forte chuva que atingiu a região no último domingo. Os moradores fecharam a avenida Cristiano Machado por várias horas, com barricadas feitas com colchões, eletrodomésticos e o outros objetos que restaram destruídos em suas casas. 

A forte chuva atingiu Belo Horizonte no dia 7 de fevereiro, causando uma série de estragos como alagamentos em pontos críticos, deslizamentos de terra, desabamentos e dezenas de pessoas ilhadas. Essa é mais uma tragédia anunciada. As chuvas fortes ocorrem todos os anos em períodos bem específicos. Isso, porém, não é suficiente para que a prefeitura tome qualquer providência.

Na manhã seguinte à forte chuva na capital de Minas Gerais, habitantes dos bairros que sofreram o impacto se juntaram no entorno da estação São Gabriel, na Região Nordeste da cidade, em protesto.

Moradores protestam contra o prefeito de BH. Foto: Banco de dados AND.

Em entrevista ao monopólio de imprensa Estado de Minas a vendedora ambulante Lizilene Rieger afirmou: “Cama, colchão, televisão. Tudo o que você pensar que tem dentro de uma casa, a água levou. Até as coisas que estavam dentro da geladeira. Não tenho onde dormir, não tenho cama, não sobrou nada!”. 

Os moradores afirmam que os alagamentos na região são freqüentes. Em entrevista ao mesmo jornal a moradora Dayana denunciou: “No ano passado também tivemos um grande estrago. A prefeitura veio, deu uma cesta básica, e um colchão. Em 2011 ocorreu uma chuva mais forte e nos deram uma indenização de mil reais. Só que isso não resolve nada. Às vezes, nem ajudam a gente!”.

“A negligência dos nossos governantes causa mais uma tragédia a milhares de famílias. Até quando a chuva vai ser sinônimo de medo para os belo-horizontinos?”, lamentou uma jovem presente no protesto.

Foram cerca de 40 bairros e 13 mil famílias atingidos pelo transbordamento de igarapés, conforme os dados da Defesa Civil. Sem retorno da prefeitura, os moradores tornaram a protestar nos dias 8 e 10. No bairro Primeiro de Maio, uma das ruas foi fechada por uma barricada em chamas. 

Os moradores afirmam ainda que os alagamentos são o resultado da inexistência e ineficiência das obras para escoar as águas da chuva que deságuam no Córrego da Onça. Em entrevista ao monopólio O Tempo o motoboy Emerson Chaves, de 40 anos, afirma: “Foi um cenário de guerra. Toda vez que chove só Deus sabe o que a gente passa. A gente quer que a prefeitura vem aqui para ver o que está acontecendo. A obra aqui perto da estação São Gabriel não adianta nada”. O morador denuncia ainda que “ a chuva de ontem veio arrasando tudo, destruiu duas casas, minha mãe perdeu tudo e ninguém faz nada. O que eles estão mandando é a polícia!”. 

Na quarta-feira, 10/02, o protesto ocorreu a noite, após a prefeitura não comparecer a reunião marcada com a comunidade. “Estamos aqui manifestando porque a prefeitura fez um combinado de estar com a gente aqui hoje, mas ela furou esse combinado. Nós falamos que se eles não estivessem presentes, nós fecharíamos a Cristiano Machado, afirmou ao O Tempo o líder comunitário conhecido como Nego Dê 

Dentre as reivindicações das famílias estão o questionamento quanto a maneira como é realizado o escoamento de rios e ribeirões da Pampulha; a assistência contínua às famílias atingidas; indenização sobre móveis e eletrodomésticos perdidos e a revitalização das casas destruídas. A mesma liderança afirmou que “nós não vamos parar enquanto a prefeitura não escutar a gente!” 

Em 11 de fevereiro, os protestos permaneceram: moradores do Loteamento Vila Maria fecharam a BR-364 com pneus, geladeiras velhas e pedaços de madeira. 

“Nós estamos cobrando porque somos um bairro esquecido. Quando é no tempo de eleição, eles aparecem, mas quando é no tempo que a gente precisa para ajudar, eles não procuram a gente. A maioria das pessoas aqui perdeu feira, camas, tem gente com filho dormindo no chão porque perdeu. Fomos esquecidos”, contou uma moradora para o monopólio de imprensa G1.

Protesto de moradores. Foto: Banco de dados AND.

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