Biden autoriza construção de muro na fronteira com México

Joseph Biden autorizou criação de muro em fronteira entre USA e México. Foto: Andrew Harnik/AP

Biden autoriza construção de muro na fronteira com México

Em rompimento com a demagogia de seu discurso eleitoral, o presidente do Estados Unidos (USA) Joseph Biden anunciou no dia 5 de outubro a autorização para a construção de um muro na fronteira com o México. O presidente imperialista afirmou ainda que revogou 26 leis federais do país, em sua maioria ambientais, para acelerar a construção do empreendimento, justificado sob a necessidade “aguda e imediata” de impedir o aumento do número de imigrantes ilegais que cruzam para o país. 

Segundo o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, segmentos do muro iniciado pelo ex-presidente ultrarreacionário Donald Trump serão criados em dez locais no Vale do Rio Grande, na fronteira onde agentes de repressão ianques fizeram 245 mil prisões durante o chamado “ano fiscal” de 2023, que terminou em 30 de setembro. A construção do muro estava parada desde o início de 2021, quando, no auge de seu discurso demagógico sobre a imigração, Biden interrompeu o empreendimento.

Não é a primeira vez

Esse não é o primeiro ataque direto de Biden contra imigrantes. Em maio, o presidente reacionário anunciou a substituição do Artigo 42, lei anti-imigração imposta no governo Trump, por medidas ainda mais duras. Na legislação de Biden, os imigrantes que forem presos pelos agentes de repressão das fronteiras ficam proibidos de retornar ao USA pelos próximos cinco anos. 

As novas leis impostas por Biden permitem ainda o rastreamento de GPS, toques de recolher e uso de algemas eletrônicas contra imigrantes enquanto estiverem em centros de detenção à espera de julgamentos. 

Crise migratória

Centenas de imigrantes esperam em campos de concentração montados no deserto norte-americano durante crise migratória em maio. Foto: Nayeli Cruz

Na época, a substituição anunciada por Biden gerou uma imensa onda migratória de massas que buscaram atravessar as fronteiras antes do recrudescimento da política anti-imigração ianque. Somente no dia 10/05, 10 mil imigrantes foram detidos por policiais de patrulha e levados a centros de detenção já lotados e que atingiram taxas exorbitantes de superlotação. O número de massas presas e mantidas nos centros ou nos campos de concentração montados nos desertos norte-americanos chegou a atingir 27 mil em poucos dias. Na época, o máximo de repressão foi usado para impedir a chegada dos imigrantes ao solo ianque. Arames farpados foram colocados nos rios usados como travessia e crianças foram jogadas de volta na água pelos agentes da polícia fronteiriça.

É uma situação em desenvolvimento nas fronteiras ianques. Com o crescimento da crise no país – que, somente esse ano, registrou a falência de três importantes bancos –, o USA tem avançado cada vez mais com políticas agressivas contra países coloniais e semicoloniais, principalmente da América Latina, que pioram gravemente as crises e condições de vida nesses próprios países. Essas políticas envolvem desde os “investimentos externos” até a construção de megaempreendimentos voltados à exportação de capital e saqueio de matérias-primas, como é o caso do Corredor Interoceânico em construção no México. 

Como consequência direta, o que se vê são ondas migratórias cada vez maiores das massas dos países saqueados para o Estados Unidos, sob a falsa promessa de melhores condições de vida em solo ianque. Em 2022, 2,6 milhões de imigrantes do México para o USA foram contabilizados, um aumento de 810 mil se comparado a 2021. Já neste ano, além das ondas migratórias de maio, outras foram registradas ao longo do ano. Em setembro, 219 mil imigrantes foram presos por agentes da reacionária Polícia de Fronteira ianque, de acordo com dados do serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras disponibilizados pelo Washington Post.

Condições piores

As políticas ultrarreacionárias anti-imigração empreendidas por Biden serão incapazes de resolver esse problema. O endurecimento das punições e as barreiras físicas servirá somente a fortalecer os esquemas mais complexos de imigração ilegal, mantidos por cartéis de drogas mexicanos, como o de Sinaloa, em conluio com as polícias fronteiriças do USA e agências de “segurança” e inteligência ianques

Outro resultado será a piora da situação dessas massas uma vez que chegarem em solo ianque, se conseguiram chegar. Ameaças por todos os lados pelas duras políticas anti-imigração, terão como única opção os piores trabalhos, sem nenhum direito e sob o máximo de exploração. 

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