Ranking de aumento de riqueza de bilionários. (Fonte: redfish)
Enquanto bilhões vão à miséria, um punhado de famílias aumentam formidavelmente sua riqueza. Essa é a realidade do mundo imperialista. Segundo o Índice Bloomberg de Bilionários, o patrimônio das 500 pessoas mais ricas subiu 20% nas primeiras semanas de abril, época em que a crise imperialista se aprofunda.
Isso demonstra que a riqueza dos bilionários do mundo tem apresentado aumento, mesmo durante a crise de superprodução imperialista, com números alarmantes como 17 milhões de americanos desempregados no período de três semanas.
Na lista publicada de patrimônios líquidos, quem mais enriqueceu nesse período foi o espanhol Amancio Ortega, dono do conglomerado de empresas têxteis espanholas Inditex (Zara), cujo patrimônio líquido, entre os dias 2 a 9 de abril, aumentou em 7,2 bilhões de dólares.
A lista também conta com nomes como Jeff Bezos (Amazon), o homem mais rico do mundo, com um aumento de 6,8 bilhões de dólares. Outros nomes conhecidos são Mark Zuckerberg, do Facebook, crescendo 6,2 bilhões dólares, e Bernard Arnault, dos artigos de luxo da LVMH, com 6,3 bilhões de dólares. Nomes das grandes burguesias da Índia e do México também aparecem.
Bilionário espanhol, Amancio Ortega (fonte: Morocco World News)
O ranking segue majoritariamente composto de bilionários ianques, mas o mercado mundial têm apresentado também um crescimento nos bilionários chineses. O casal dono da Muyuan Foods, especializada em carne de porco, aumentou sua riqueza em 3 bilhões de dólares nos últimos meses. Eric Yuan Zheng, CEO da Zoom, empresa norte-americana de videoconferências, aumentou sua riqueza de 3,5 bilhões para 8 bilhões de dólares, também nos últimos meses. Zheng falou que o aumento de usuários da ferramenta tem sido de 10 milhões em dezembro do ano passado para 200 milhões no último mês.
Por trás do lucro
O que está por trás desse crescimento é a exploração do trabalho em meio à crise de saúde causada pela pandemia da Covid-19. Existe como maior exemplo disso Jeff Bezos da Amazon, que vem sido constantemente denunciado por abusos contra os trabalhadores, que seguem trabalhando apesar da crise de saúde, sem equipamentos adequados e higienização necessária, ou que seguem em acordos de trabalho temporário sem garantias ou direitos, ocorrendo até cortes de direitos trabalhistas. Eles sofrem inclusive ameaças de demissão por greve, como Chris Smalls, após a greve de 30 de março.
A líder do maior crescimento, Inditex, tem um histórico sombrio. Segundo a Clean Clothes Campaign, em 2011, o contratante responsável por 90% da produção da Zara no Brasil foi descoberto por subcontratar trabalhadores migrantes da Bolívia e do Peru em São Paulo para fazer roupas para a empresa espanhola. Os trabalhadores foram encontrados trabalhando de 16 a 19 horas por dia com pequenos intervalos e em dívida com seus traficantes. Quatorze eram bolivianos e um era peruano. Um tinha 14 anos. A Inditex se manifestou dizendo que não podia ser responsabilizada. Desde então, a empresa tem sido alvo de críticas e denúncias em vários locais.
Em 2017, trabalhadores da Zara em Istambul, na Turquia, protestaram colando notas nas roupas dizendo: “Eu fiz esse item que você vai comprar, mas eu não fui pago para isso”. Em 2019, a Clean Clothes Campaing fez uma outra reportagem mostrando como a Zara fazia uma parte da sua produção nos Marrocos pelo custo de produção mais barato. Jovens trabalhadores trabalhavam sem contrato e recebiam 0,36 centavos de dólar por hora.
Com os governos injetando dinheiro público na “economia” para superar a crise e evitar desempregos, os maiores beneficiados são os monopólios, o punhado de bilionários que disputam a hegemonia na economia mundial, uma disputa que mesmo na crise segue sendo principalmente entre o imperialismo ianque e o social-imperialismo chinês.
Trabalhadores da Zara deixam recado nas roupas. (Fonte: brandchannel)