Primeiro turno marca alta no boicote eleitoral; PT sofre derrota nas capitais, bolsonaristas ganham posições e “centrão” acumula prefeituras

Em 9 capitais o boicote eleitoral venceu o primeiro colocado nas eleições deste domingo, mesmo com orçamento récordes para campanhas.
Foto ilustrativa

Primeiro turno marca alta no boicote eleitoral; PT sofre derrota nas capitais, bolsonaristas ganham posições e “centrão” acumula prefeituras

Em 9 capitais o boicote eleitoral venceu o primeiro colocado nas eleições deste domingo, mesmo com orçamento récordes para campanhas.

O boicote eleitoral venceu os primeiros colocados em nove capitais nas eleições de domingo: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campo Grande, Goiânia, Porto Velho e Natal.

Os números revelam o grau de insatisfação popular que tem se acumulado durante o processo eleitoral. Candidatos falastrões, velhas raposas da política tradicional e representantes da falsa esquerda, todos representando os mesmos interesses, todos rechaçados pelo povo que recusou-se a participar da farsa eleitoral em massa.

Números oficiais não representam a realidade

Os números oficiais divulgados pelo TSE mascaram a realidade das urnas, uma vez que desconsideram as abstenções e votos nulos ao atribuir a porcentagem aos candidatos. Também são desconsiderados aqueles eleitores que não renovaram seus títulos, ou que são aptos a votar, como jovens entre 16 e 18 anos e idosos acima dos 70. No caso da prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, quando consideramos o total dos eleitores cadastrados para votar, votos válidos, brancos, nulos e abstenções (5.009.373), tivemos o “vencedor” Eduardo Paes (PSD) com 37,1% dos votos reais (1,8 milhões), seguido por Alexandre Ramagem (PL) com 18,9% (948 mil votos), enquanto o boicote eleitoral (brancos, nulos e abstenções, sem mencionar aqueles que não se cadastraram) supera 1.930.202 milhões, ou 38,8%, superior ao primeiro colocado.

São Paulo e Belo Horizonte rechaçaram a farsa eleitoral

Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, o boicote praticamente empatou com os votos dos dois primeiros candidatos somados: foram 3.213.393 de paulistanos que se recusaram a escolher um candidato (32,17%), contra 1.801.139 que escolheram de Ricardo Nunes (18%) e 1.776.127 que votaram em Guilherme Boulos (17,7%).

O candidato falastrão Pablo Marçal, representante da extrema-direita, que prometeu vencer de lavada no 1º turno, além de perder de forma acachapante para o boicote, ainda ficou de fora do 2º turno. Resta ver agora por quantas moedas Ricardo Nunes pretende arremeter sua boiada para enfrentar Guilherme Boulos em 27 de outubro.

No estado de São Paulo, o boicote venceu em alguns dos maiores colégios eleitorais: São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo e Ribeirão Preto, e praticamente empatou com o 1º colocado em Campinas. Em Guarulhos, o primeiro colocado foi Lucas Sanches (PL), com 213 mil votos, contra 310 mil que abstiveram-se, votaram nulo ou em branco. Campinas teve como primeiro colocado Dário Saadi (REP) com 355 mil votos, contra 351 mil que seguiram o boicote eleitoral. Em São Bernardo, o primeiro colocado foi Marcelo Lima (PODE) com 119 mil, derrotado pelo boicote eleitoral de 225 mil pessoas. Ribeirão Preto não foi diferente: 128 mil votos para Ricardo Silva (PSD) contra 212 mil do boicote eleitoral.

Em Belo Horizonte, o boicote eleitoral praticamente empatou com os votos somados dos dois primeiros candidatos, Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD). Foram mais de 725 mil pessoas que boicotaram as eleições, contra 435,8 mil que votaram no Bruno Engler (PL) e 336,4 mil que votaram em Fuad Noman (PSD).

Em todo o País reafirma-se a alta do boicote eleitoral

Nas capitais do Sul o boicote venceu em Curitiba e Porto Alegre, de lavada: 313 mil votos para Eduardo Pimentel (PSD) não chegaram perto dos 488 mil homens e mulheres que boicotaram na capital paranaense; em Porto Alegre, foram 345 mil votos em Sebastião Melo (MDB) contra 401 mil do boicote. 

No Centro-Oeste o boicote eleitoral venceu de maneira absoluta em Campo Grande e Goiânia, e praticamente empatou com o primeiro colocado em Cuiabá. No Norte, Porto Velho também teve como vencedor o boicote eleitoral, assim como Natal no Nordeste.

A eleição irá barrar o fascismo? A falsa esquerda sai desmoralizada das urnas

A situação para os partidos da esquerda eleitoreira se complicou ainda mais. O PT, partido do presidente Luís Inácio, não ganhou as eleições em primeiro turno em nenhuma capital, e estará na disputa do segundo turno em apenas duas. Em contraparte, viu aumentar seu número de prefeituras, no interior, porém, de míseros 182 na eleição passada para 251 nesta, ainda muito atrás da direita e do “centrão”. O PSD conquistou 878 prefeituras, 847 para o MDB e 743 para o PP.

O PL, representante da direita e extrema-direita bolsonaristas, fez 510 prefeitos, mais que o dobro do PT. O PSOL, por sua vez, não elegeu um único prefeito no 1º turno, por mais que tenha emplacado Boulos para o 2º turno da prefeitura de São Paulo. E mais, perdeu a prefeitura de Belém do Pará, onde seu candidato, Edmilson Rodrigues, atual prefeito, chegou em 3º lugar com míseros 78 mil votos.

No nordeste, onde o PT tem tradicionalmente mais força, o PL venceu em Maceió e tem candidatos para o 2º turno em Aracaju e João Pessoa, enquanto o União venceu em Teresina e Salvador e está no 2º turno de Natal. Em Salvador, por mais que Bruno Reis (União) tenha sido eleito com 1,045 milhão de votos, o boicote eleitoral ainda venceu de todos os candidatos seguintes juntos, marcando 640 mil votos.

Comprova-se, portanto, a análise de AND de que a política direitista do governo de turno de Luiz Inácio, entregando os cofres públicos à direita e ao “centrão” bolsonarista, fortaleceria politicamente esses setores e resultaria em vitória desses setores nas eleições municipais. Este fato, por seu turno, fortalece a direita e o “centrão” bolsonaristas para a eleição de 2026, quando tendem a se unir a um candidato bolsonarista “moderado” para defenestrar o governo oportunista e aprofundar, com um governo abertamente direitista, o programa de arrocho e austeridade para impulsionar o capitalismo burocrático. Deste modo, o governo de turno abre alas e fornece as armas para o retorno do bolsonarismo em 2026.

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