Bolívia: Oportunistas legitimam o golpe militar e traem as massas

Bolívia: Oportunistas legitimam o golpe militar e traem as massas

A autoproclamada “presidente” da Bolívia, Jeanine Áñez, junto da bancada do Movimento para o Socialismo (MAS) e os líderes oportunistas sindicais, assinaram, no dia 17 de novembro, um acordo de “pacificação”, de paralisação dos protestos populares contra o golpe militar e a realização de novas eleições.

Jeanine Áñez promulgou a lei de convocação à farsa eleitoral, lei chamada “regime excepcional e transitório para a realização de eleições gerais”. O “governo” concluiu três mesas de negociação com organizações sociais e sindicais, especialmente com a Central dos Trabalhadores Boliviana (CTB) e outros grandes sindicatos oportunistas.

Entre os acordos firmados estavam a desmilitarização de certos territórios (a não ser alguns estratégicos aos militares, como a Usina de Gás Natural e outras empresas estatais) e o retorno dos militares aos quartéis, além da libertação de todos os detentos (cerca de 460 até metade de novembro) e o cumprimento das normas e garantias constitucionais e legais para o exercício da representação sindical.

Parlamentares do MAS e a CTB usam a luta popular para negociar

Desde a autoproclamação de Áñez como presidente do chamado “governo de transição”, mobilizações massivas contra o golpe se desenvolveram e se espalharam. 

À medida que a luta e a resistência popular se fortaleciam, Áñez, de mãos dadas com as Forças Armadas e a Polícia, começou uma repressão brutal. Repressão que custou mais de 30 vidas até agora, juntamente com relatos de pessoas desaparecidas, centenas de feridos pela repressão e detidos.

De acordo com o portal La Izquierda Diario, toda a resistência que se desenvolveu após o golpe foi utilizado pelo MAS como moeda de troca para negociar “melhores condições” com os golpistas. “Os membros da assembléia do MAS acabaram não só por reconhecer o golpe de Estado do ‘governo de transição’, mas também por fornecer um manto de legalidade sob a figura da ‘sucessão constitucional’, em troca de a sigla poder participar nas próximas eleições convocadas no prazo de 120 dias”, coloca o portal. 

Diante disso, já no dia 18, muitas das barricadas que interrompiam o transporte urbano foram levantadas como parte do acordo. Aqueles que levantaram as barricadas (dirigidos pelos sindicatos oportunistas) disseram que as reconstruiriam se as demandas dos manifestantes não fossem atendidas, enquanto outros se recusaram a levantá-las até que o governo cumprisse as demandas, que incluíam a liberação de todos os manifestantes presos, compensação às famílias dos que foram mortos e proteção aos líderes das agremiações oportunistas.

Entretanto, um projeto de lei para garantir imunidade aos ex-presidentes e evitar a perseguição política foi rejeitado antecipadamente por Áñez, que declarou que não aprovaria uma lei que chamou de “lei de impunidade”. Enquanto isso, a caça e as prisões de altos funcionários do governo anterior ocorrem sem pausa, condicionando assim a representação do MAS nas próximas eleições, já que seus representantes mais reconhecidos enfrentam clandestinidade ou julgamentos que impediriam sua nomeação.

Isso demonstra que, apesar das ilusões dos oportunistas, que venderam o sangue e o suor das massas na luta contra o golpe militar, eles não realizarão o seu infame desejo de ocupar como ocupavam antes o velho Estado boliviano. Além disso, ao realizar um acordo com o mais novo governo fantoche do imperialismo, eles o reconhecem como legítimo, e traem, como sempre, as massas de camponeses, trabalhadores e indígenas da Bolívia.

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