Bolsas pelo mundo caem depois de rumores de recessão no EUA

Bolsas pelo mundo caem depois de rumores de recessão no EUA

Um rumor de recessão econômica no Estados Unidos (EUA) levou a quedas nas bolsas de valores de Tóquio, no Japão (que fechou com a maior queda desde 19 de outubro de 1987), Seul, na Coreia (com queda de 8,8%), Europa, onde as quedas foram por volta de 2% e no próprio EUA, com queda de 6,5% na Nasdaq. 

O tombo financeiro foi causado pela divulgação dos dados de aumento da taxa de desemprego no EUA para 4,3%, o maior índice desde outubro de 2021. 

Pleno emprego, superprodução e desemprego

Nos últimos dois anos, a economia da superpotência imperialista única estava conseguindo manter os níveis de desemprego em baixa, o que gerou um aumento da taxa de inflação acima da meta no país. Essa relação acontece porque, com o aumento da empregabilidade, o consumo aumenta, o que leva, na economia capitalista, a uma alta dos preços. 

O risco maior, contudo, reside em uma crise de superprodução relativa: como a economia capitalista (sobretudo na fase atual, dos monopólios) concentra a produção no que dá lucro (e não no que é carente para o funcionamento de fato da economia e da Nação), o lucro extraído com a alta nas vendas é revertido de volta naquilo que está sendo mais vendido.

Como a taxa de lucro e reinvestimento na produção é sempre maior do que a alta na capacidade de compra das massas, o risco de superprodução aumenta. No EUA, essa tendência tem sido apontada por diferentes especialistas há anos, e já contou com reflexos concretos em empresas como a Samsung, Apple e Tesla. 

Juros e recessão

Para tentar conter a situação, o Banco Central ianque (Federal Reserve, ou FED), tem mantido os juros em alta na tentativa fracassada de conter a inflação. Acontece que mesmo com os índices de aumento do desemprego, os acionistas decidiram por manter a taxa entre 5,25% e 5,5% ao ano. 

A situação em conjunto levou até mesmo a instituições imperialistas, como o banco Goldman Sachs, a elevarem o risco de recessão para o EUA para algo entre 15% a 25%. Analistas do JPMorgan colocaram o mesmo risco em 50%. 

Outros analistas confirmam a previsão de recessão no EUA – mesmo aqueles que acreditam que a queda das bolsas como reação foi exagerada. O erro está quando eles apontam que a recessão será facilmente revertida com a baixa de juros. Os anos passados foram marcados, nos EUA, além dos sinais de superprodução, pela falência de bancos como o Silicon Valley, Silvergate e Signature Bank. Em maio, a geração de emprego no país caiu em 50%. 

Crise geral e rebeliões

No resto do mundo, os problemas econômicos aparecem nas diferentes superpotências e potências imperialistas como taxas de crescimento abaixo da meta, alta de juros, alta inflacionária e outros. As taxas de crescimento mundial do PIB da última década foram as mais baixas desde 1960-1970, segundo o Banco Mundial. 

Não  se trata de cenário passageiro, mas sim de um período de crise sem precedentes do imperialismo. Os imperialistas podem tentar reverter o cenário pelo aumento da exploração das massas populares em seus próprios países e das Nações oprimidas, mas o problema é que isso aumenta o nível já elevado de rebelião e explosividade popular pelo mundo, indesejado pelas classes dominantes. O próprio EUA registrou, em 2023, um novo recorde de greves, depois de já ter registrado um ápice em 2022.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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