Bolsonaristas se agitam e articulam planos após vitória de Trump

Em entrevista à Folha de SP, Bolsonaro disse que vitória de Trump é "importante passo" e traçou planos para 2026, sugerindo Temer como vice. Outros bolsonaristas se pronunciaram no mesmo sentido.
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Jair Bolsonaro deu entrevista à Folha de SP sobre planos para 2026. Foto: Alan Santos/PR
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Bolsonaristas se agitam e articulam planos após vitória de Trump

Em entrevista à Folha de SP, Bolsonaro disse que vitória de Trump é "importante passo" e traçou planos para 2026, sugerindo Temer como vice. Outros bolsonaristas se pronunciaram no mesmo sentido.

O ex-presidente ultrarreacionário brasileiro Jair Bolsonaro não poupou com as palavras e planos para 2026 depois que o magnata imperialista Donald Trump venceu as eleições para 2026. “É igual a caminhada de mil passos”, disse Bolsonaro, em entrevista ao jornal monopolista Folha de São Paulo. “Você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo”. 

Bolsonaro também disse que, para 2026, prevê uma ”bancada enorme (do bolsonarismo no Senado)”, que “a minha anistia tem um prazo certo para tomar certas decisões” e que planeja “(Michel) Temer (MDB) de vice”. 

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Bolsonaro já havia comentado sobre a vitória de Trump ontem, quando disse que esperava que o episódio no EUA se refletisse no Brasil. 

O cabecilha da extrema-direita não é o único que se pronunciou. Seus interlocutores disseram à jornalista Bela Megale, do monopolista O Globo, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não resistirá “ao vento contra” de Trump e que tornará Bolsonaro elegível para disputar as eleições de 2026. 

Tanto Bolsonaro quanto seus interlocutores citaram, além de Trump, o magnata reacionário Elon Musk como um articulador do retorno do ex-presidente. 

Articulação previsível 

Já era previsto que, com a vitória de Trump, Bolsonaro tentaria se fortalecer para 2026. Mesmo antes da farsa eleitoral no Estados Unidos (EUA), Jair Bolsonaro já costurava planos. As agitações de rua que fez em 2023 e 2024 foram parte disso, para calcular e demonstrar o apoio que ainda tinha, tanto na base de massas quanto nos figurões da política oficial alinhados ao bolsonarismo. 

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Anistia é, também, um elemento central. Bolsonaro quer, com ela, anistiar os galinhas verdes para, depois, desmoralizar o processo contra ele próprio, ciente de que a disputa em torno de sua inelegibilidade é menos jurídica do que política. 

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Para isso, conta com apoio dos setores da direita tradicional aglomerados em torno de Bolsonaro, como o “bolsonarista moderado” Arthur Lira e outros parlamentares que, em união tática com as figuras mais centrais do bolsonarismo, avançam as pautas de interesse desse setor para atingir o STF dentro da disputa política reacionária. Na semana passada, Lira criou, em acordo com Bolsonaro e Valdemar Costa Neto (presidente do PL), uma comissão especial para votar a PEC da Anistia; apesar de ter atrasado a votação da proposta, a medida foi bem interpretada pelo capitão-do-mato.

Dentro desse plano, a extrema-direita calcula, ainda, que em 2026 será a vez do ministro do STF, Kássio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro, de assumir o Tribunal Superior Eleitoral – o que pode facilitar a reversão de uma inelegibilidade do ex-presidente. 

STF admite pressão bolsonarista

Os ministros do STF admitiram ontem que esperam o aumento de uma pressão sobre a corte. Alguns chegaram a dar como certo, ao UOL, que “o novo governo de Donald Trump vai fortalecer o discurso de parlamentares brasileiros e americanos alinhados com o bolsonarismo e que isso deve resultar em novas ofensivas contra a Corte”.

Eles dizem, contudo, que o tribunal precisará se defender, e que a retórica bolsonarista será como o caso de Musk, em que, no final, Elon Musk aceitou as condenações da corte e pagou as multas impostas. 

O caso, contudo, tende a ser diferente, uma vez que o cenário de 2026, ligado diretamente a questões fundamentais da política interna e com muito mais potencial para agravar a crise política e institucional em curso, mobilizarão mais o bolsonarismo, seja de extrema-direita ou não, tanto a nível parlamentar quanto em relação à base de massas bolsonarista. 

Necessário combate

A estratégia do governo continua a seguir o tom da conciliação. Luiz Inácio parabenizou Donald Trump para mostrar que não entrará em choque com o governo trumpista, um aceno ao magnata imperialista e mesmo aos reacionários agitados no parlamento brasileiro. Ao fazer isso, os resultados são os mesmos que a conciliação com o “centrão” (em grande parte alinhado com o bolsonarismo) durante todo o ano de 2023 e 2024, expresso na entrega da agenda política e do orçamento ao setor, e mesmo o avanço de pautas reacionárias, como a recente PEC da “Segurança Pública”: o fortalecimento da caminhada bolsonarista até 2026, seja com Jair Bolsonaro na chapa presidencial ou não. 

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Os progressistas, democratas e revolucionários podem, por outro lado, elevar a propaganda de um combate de fato à extrema-direita, em vez de seguir a confiar na falsa esquerda e nas instituições reacionárias para cumprir esse papel. As massas populares já se mobilizam nesse sentido, como expressa a luta aguda do campesinato brasileiro com os grupos paramilitares bolsonaristas em diversos pontos do interior do País.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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