Já está aberta a corrida eleitoral para as próximas eleições municipais, marcadas para o dia 6 de outubro. No campo da extrema-direita, o Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, está passando por um intenso movimento interno marcado pela atuação da nata do golpismo no país. Os principais nomes interessados em ter apoio total do diretório nacional para suas candidaturas às prefeituras são: Coronel Zucco (em Porto Alegre/RS) e Gustavo Gayer (em Goiânia/GO).
Há ainda uma forte mobilização dos bolsonaristas para que, em algumas cidades, o PL apoie bolsonaristas abrigados em outras siglas. No caminho dos ultrarreacionários estão compromissos do presidente do PL, Waldemar da Costa Neto, com nomes do Centrão.
Porto Alegre (RS)
Na cidade de Porto Alegre, o atual prefeito Sebastião Melo do MDB deve apoiar o seu vice-prefeito Ricardo Gomes para sucedê-lo. Ricardo Gomes rompeu com o PL no último mês, deixando a sigla bolsonarista dividida entre apoiar o candidato do prefeito ou lançar um nome próprio.
O principal interessado é Tenente Coronel Zuco, que é atualmente deputado federal. O ultrarreacionário têm utilizado os eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul para se auto-promover, visando as eleições.
Uma campanha de doações foi iniciada por Zucco através de pedidos de pix para o “Instituto Harpia Brasil”, uma instituição da extrema-direita sediada em Goiás que é vinculada diretamente ao Movimento Invasão Zero. Zucco, que é um dos investigados pela invasão às sedes dos três poderes em 8 de janeiro, presidiu a “CPI do MST” no início do ano passado.
Fruto de uma iniciativa da extrema-direita bolsonarista com o objetivo criminalizar a luta pela terra no país, a CPI foi denunciada pelo movimento camponês.
Durante a pandemia, Zucco atuou espalhando desinformação, sendo, portanto, um dos responsáveis pela mortandade de mais de 700 mil brasileiros.
Goiânia (GO)
Na capital de Goiás, o bolsonarista Gustavo Gayer é o nome da extrema-direita para concorrer à prefeitura. Um evento lançamento da candidatura à prefeitura da cidade de Goiânia ocorreu em 4 de abril. Contou com a presença de Jair Bolsonaro, que chegou a “abençoar” Gustavo Gayer.
Recentemente, Gayer esteve envolvido em um episódio na câmara de deputados em que foi acusado de misoginia por chamar uma deputada de “surtada”. No ato bolsonarista do Rio de Janeiro do dia 21 de abril, Gayer discursou em inglês para “Elon Musk ver”, demonstrando que não é exatamente um “nacionalista”, mas sim um vende-pátria.
Nas eleições de 2022, Gayer coagiu funcionários a votarem em Bolsonaro. Sendo multado pelo Ministério Público do Trabalho, ele precisou pagar uma indenização no valor de R$ 80 mil. A denúncia contra o bolsonarista foi feita de maneira anônima a partir de um vídeo que mostra o ultrarreacionário em uma padaria coagindo funcionários a votar em Bolsonaro. Em sua defesa, falou que se trata de “perseguição”.
Atualmente, Gustavo Gayer se destaca no apoio ao Sionismo, repercutindo no país a posição do Estado Sionista de Israel, responsável pelo assassinato de mais de 35 mil palestdinos desde o dia 7 de outubro de 2023. É ele quem está por trás de uma montagem em que mostra Luiz Inácio com roupa militar, com o símbolo do Hamas e uma braçadeira nazista.
Guarulhos (SP)
Jorge Wilson, do Republicanos, deve receber apoio do PL nas eleições para a prefeitura. Deputado estadual e atual líder da bancada governista do assassino e terrorista Tarcísio de Freitas, ele recebeu no dia 28 de abril o apoio público de Jair Bolsonaro.
A ação do ex-presidente genocida desagradou ao presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, que busca emplacar como candidato do PL o nome de Lucas Sanches. Sanches iniciou sua carreira política como membro do Movimento Brasil Livre (MBL) e, apesar de ser escolado na tática do oportunismo político da extrema-direita, é tido como menos extremista que Jorge Wilson.
Tendência de 2022 deve se repetir
Nas últimas eleições, os candidatos da extrema-direita se destacaram na quantidade de votos recebida. Na escolha do Executivo, Luiz Inácio recebeu 60 milhões de votos, Bolsonaro recebeu 58 milhões. O número total de brasileiros que anularam, votaram em branco ou não compareceram foi de 50 milhões.
Dentre os cargos do Legislativo, a extrema-direita se destacou mais do que o oportunismo eleitoreiro. Gustavo Gayer, recebeu mais de 200 mil votos. Zucco recebeu 166 mil, sendo o mais votado no RS. Além dos dois (que têm pretensões eleitorais neste ano) também se destaca Nikolas Ferreira (1,4 milhão de votos), Carla Zambelli (946 mil), Eduardo Bolsonaro (741 mil) e Ricardo Salles (640 mil).
As pesquisas de opinião apontam para a tendência em que os eleitores de Bolsonaro continuem a apoiar posições críticas ao governo do PT. Dentre os brasileiros que ainda votam (cerca de 2/3), a demagogia bolsonarista encontra espaço. Portanto, seria um erro político enorme ignorar a esta base social.
‘Combate eleitoral’ é insuficiente
É preciso elevar a denúncia e o combate à extrema-direita e suas falsas soluções apresentadas para os graves problemas do País.
Em muitas cidades, os principais opositores aos candidatos da extrema-direita serão políticos da direita-liberal, tidos pelo establishment como “bolsonaristas moderados”.
Um outro aspecto da corrida eleitoral é a movimentação das siglas da falsa esquerda. Se na capital de SP, Luiz Inácio aposta na figura de Guilherme Boulos, no Rio de Janeiro o foco do PT é convencer Eduardo Paes a aceitar um nome indicado para vice.
Ao fim e ao cabo, a extrema-direita buscará se apoiar de forma nas diferentes disputas eleitorais, apontando para falsas polarizações para se fortalecer nas eleições para seguir mobilizando sua base social. Rejeitar essa falsa polarização é a primeira condição para se enfrentar seriamente o crescimento da extrema-direita.
Muitos que se iludem diante da agitação golpista dos apoiadores de Jair Bolsonaro o fazem por repudiar o PT (e não por concordar com o programa bolsonarista). Há ainda aqueles que são diretamente vinculados à grupos paramilitares ou sensibilizados pela defesa aberta do regime militar fascista. Estes últimos só serão derrotados diante da mobilização das massas populares.