Bolsonaristas travam funcionamento da Câmara e tentam avançar com PL da ‘anistia’ como retaliação ao julgamento de Bolsonaro

Em caso sintomático de crise institucional, parlamentares bolsonaristas travam funcionamento da Câmara para retaliar STF.
Foto: EDUARDO F S LIMA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Bolsonaristas travam funcionamento da Câmara e tentam avançar com PL da ‘anistia’ como retaliação ao julgamento de Bolsonaro

Em caso sintomático de crise institucional, parlamentares bolsonaristas travam funcionamento da Câmara para retaliar STF.

Deputados bolsonaristas irritados com o julgamento que tornou Jair Bolsonaro (PL) réu no Supremo Tribunal Federal (STF) estão avançando com projetos no Congresso Nacional e bloqueando outras votações como forma de retaliação à decisão dos ministros do Supremo.

Está na agenda dos reacionários avançar com o projeto de lei de “anistia” aos galinhas verdes – de tom irônico, uma vez que os reacionários nunca foram favoráveis à anistia de manifestantes e lutadores de qualquer causa popular e democrática.

De acordo com os bolsonaristas, o PL da “anistia” conta com apoio de vários parlamentares do centrão. Alguns deputados do PL esperavam que o caráter de urgência do projeto fosse votado essa semana, mas isso acabou sendo adiado. O jornal monopolista O Globo disse que na próxima terça-feira os parlamentares do PL vão se reunir com líderes de outras agremiações para medir o apoio ao projeto.

Outro ponto é o projeto do foro privilegiado, também de caráter curioso, pois essa sempre foi uma regalia bem aproveitada pelos parlamentares. Os bolsonaristas querem acabar com o foro para beneficiar Bolsonaro e outros capangas, atualmente alvos do STF.

O foro privilegiado já foi aprovado no Senado Federal em 2017, mas atualmente está travado na Câmara dos Deputados.

Além dos projetos, os parlamentares do PL estão deixando de comparecer ao Congresso como forma de impedir a execução da agenda do dia. O que não deixa de ser uma expressão da “seriedade” das Casas Legislativas e da forma como essa gente leva o trabalho.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, admitiu o movimento. “Nós só estamos começando, brasileiros e brasileiras, essa batalha. Hoje, arbitrariamente tornaram o presidente Bolsonaro e mais sete réus nesse processo. Mas queremos dizer que, se pensaram que a gente ia baixar a cabeça, nós hoje já começamos a obstruir aqui na Câmara. Hoje, aqui na Câmara, ninguém vai fazer nada. Não teve Ordem do Dia. E nós vamos continuar nessa trincheira da luta”.

Apesar de esdrúxulo, o “protesto” malandro dos bolsonaristas não deixa de ser expressão da crise institucional à qual o País chegou, em que os efeitos do processo de Bolsonaro transbordam do STF, atingindo o Congresso como forma de retaliação ao próprio Supremo, e, em última instância, se voltando contra o próprio governo – pois, sem dúvidas, os bolsonaristas vão querer atingir Luiz Inácio (PT) como forma de retaliação.

O próprio processo contra Bolsonaro registra a contenda no campo dos reacionários, particularmente entre o STF, que, investigando Bolsonaro, representa mesmo que parcialmente os interesses de certo setor majoritário do establishment em conter Bolsonaro para tentar reestabilizar o País, e a extrema direita bolsonarista. Mas, com o País mergulhado em crise política, o processo transborda dos salões do STF

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