Bolsonaro e outras 33 pessoas são denunciadas por golpe de Estado pela PGR

De acordo com a PGR, os denunciados integraram "de maneira livre, consciente e voluntária, uma organização criminosa constituída desde pelo menos o dia 29 de junho de 2021 e operando até o dia 8 de janeiro de 2023, com o emprego de armas."
Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Bolsonaro e outras 33 pessoas são denunciadas por golpe de Estado pela PGR

De acordo com a PGR, os denunciados integraram "de maneira livre, consciente e voluntária, uma organização criminosa constituída desde pelo menos o dia 29 de junho de 2021 e operando até o dia 8 de janeiro de 2023, com o emprego de armas."

Bolsonaro preparou, junto de oficiais das Forças Armadas da reserva e da ativa, delegados de polícia federal, parlamentares e empresários, um plano para a tentativa de ruptura institucional, segundo uma Procuradoria Geral da República (PGR) apresentada na noite de ontem (18/1).

Além de Bolsonaro, acusado de praticar os crimes de “tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado”, de “dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União”, “deterioração de patrimônio tombado” e “participação em uma organização criminosa”, outras 33 pessoas foram denunciadas ou imputadas.

De acordo com a PGR, todos eles integraram “de maneira livre,
consciente e voluntária, uma organização criminosa constituída desde
pelo menos o dia 29 de junho de 2021 e operando até o dia 8 de janeiro
de 2023, com o emprego de armas.”

A PGR afirmou que Bolsonaro concordava e anuiu com os planos de execução do mandatário eleito, Luiz Inácio (PT), do vice, Geraldo-Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O ex-mandatário foi, junto com Braga Netto, o líder da organização criminosa, segundo a denúncia.

Os planos envolveram várias operações diferentes. Um deles foi coordenado pelo Ministério da Justiça e contou com participação da Polícia Rodovidária Federal (PRF) para impedir o translado de pessoas nas regiões que os mapas indicavam vitória de Luiz Inácio.

O grupo também teria redigido e apresnetado “minutas de atos de formalização de quebra da ordem constitucional”, as “minutas do golpe”.

“O presidente da República à época chegou a apresentar uma delas, em que se cogitava da prisão de dois ministros do Supremo Tribunal Federal e do Presidente do Senado Federal. Mais adiante, numa revisão, concentrou a providência na pessoa do ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, diz o documento.

A PGR denunciou:

  • Alexandre Rodrigues Ramagem, delegado da Polícia Federal (PF) e ex-chefe da Abin
  • Almir Garnier Santos, ex-almirante de Esquadra da Marinha
  • Anderson Torres, delegado de Polícia Federal e ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno, general da reserva do Exército
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente
  • Mauro Cid, tenente-coronel do Exército
  • Paulo Sergio Nogueira, general da reserva do Exército
  • Walter Braga Netto, general da reserva do Exército

Além disso, o órgão imputou todos os denunciados e figuras como:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército filiado ao PL. Esteve envolvido no esquema da falsificação do cartão de vacinação de Bolsonaro.
  • Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército e ex-diretor de monitoramento e avaliação do SUS
  • Bernardo Romão Correa, coronel do Exército. Segundo a PGR, ele fez agitações golpista dentro das Forças armadas. Foi investigado na operação Tempus Veritatis, da PF
  • Carlos Cesar Moretzson, bolsonarista que se disse “inventor da urna eletrônica”
  • Cleverson Ney Magalhães, tenente-coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres da força
  • Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército e ex-adido militar na Embaixada do Brasil em Israel. Foi condecorado por Luiz Inácio em 2024.
  • Filipe Martins, deputado federal do PL responsável pela apresentação da “minuta do golpe”
  • Fernando de Sousa Oliveira, delegado de PF e ex-secretário de Segurança do DF. Segundo a PFR, ele coordenou  “o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima” de Bolsonaro na presidência
  • Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-militar suspeito de ter participado no esquema da Abin paralela
  • Guilherme Marques de Almeida, ex-comandante do 1° Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia
  • Hélio Ferreira Lima, tenente coronel do Exército que tinha o plano de golpe em um pendrive
  • Marcelo Bormevet, policial federal de Juiz de Fora acusado de monitorar figuras do Estado e produzir notícias falsas. Também é acusado de integrar a Abin paralela.
  • Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército e ex-assessor e ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Investigado por lavagem de dinheiro no esquema da venda de joias por Bolsonaro.
  • Márcio Nunes de Resende Junior, coronel do Exército, integrava grupo do Whatsapp coordenado por Mauro Cid
  • Mário Fernandes, general da reserva do Exército, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ). Segundo as investigações, Fernandes imprimiu o plano de execução de Luiz Inácio, Alckmin e Moraes. O plano para instituir o “gabinete de crise” foi encontrado junto com os arquivos dele.
  • Marília Ferreira de Alencar, delegada de Polícia Federal e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres.
  • Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército e comandante da 2a Brigada de Infantaria da Selva. É suspeito de elaborar os planos para a ruptura institucional.
  • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, comentarista da rádio Jovem Pan em São Paulo (SP).
  • Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército e integrante das Forças Especiais. Seria o líder da operação “Copa 2022” e tentou convencer os comandantes das Forças Armadas a aderiram a ruptura institucional naquele momento
  • Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva do Exército, ocupou o cargo de chefe de gabinete de Mario Fernandes. A PGR o acusa de “tentativa de manipulação” do relatório produzido pelas Forças Armadas sobre as eleições de 2022 e de ser responsável por “operações estratégicas de desinformação”
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército, Forças Especiais e ex-chefe da seção de preparo do Comando de Operações Especiais (Copesp). É acusado de ser o responsável das ações para monitoramento e execução de Moraes
  • Ronald Ferreira Júnior, tenente-coronel do Exército acusado de participar das discussões sobre a “minuta do golpe”
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel e integrante do “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”
  • Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal. Foi preso em 2023 por ter interferido no translado de pessoas durante as eleições. Hoje é secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José (SC)
  • Wladimir Matos Soares, policial federal que participou da segurança de Luiz Inácio, acusado de participar dos planos para execução do mandatário
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: