Passou a valer, em janeiro de 2020, a famigerada “Carteira de trabalho verde e amarela”, resultado da Medida Provisória 905, de 11 de novembro, assinada pelo presidente fascista Jair Bolsonaro. Apresentada como um “favor” do governo aos desempregados e aos pequenos proprietários, a medida, na verdade, visa explorar ainda mais os trabalhadores, especialmente os jovens, tudo em benefício principalmente da grande burguesia e do imperialismo.
A medida altera mais de 86 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e tem como ponto central a criação de uma nova modalidade de escravidão assalariada. Algumas das mudanças são que os patrões não pagarão alíquotas do sistema S, do salário-educação e da contribuição patronal de 20% para a previdência social. A alíquota do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) passa, agora, de 8% para 2%. Em caso de demissão sem justa causa, a multa sobre o fundo baixa de 40% para 20%. Estimativas apontam que a folha de pagamento terá uma redução de 34% nos impostos a ela vinculados.
De outro lado, em casos de demissão sem justa causa, a perspectiva é que o trabalhador receba até 80% menos de verbas. Enquanto isso, os grandes burgueses estarão isentos da parcela patronal para a previdência e, para compensar, o governo deverá cobrar contribuições de quem recebe seguro-desemprego.
Instituídos por MP, as mudanças são, na prática, uma nova “reforma trabalhista”. Entre as alterações, está prevista a modalidade de contrato de trabalho precário, o aumento da jornada de trabalho (o que pode resultar em mais desemprego), o enfraquecimento de mecanismos de fiscalização e punição às infrações trabalhistas, a redução da ação sindical e outras medidas para superexplorar ainda mais o proletariado.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), tal medida “beneficia os empresários com a grande desoneração em um cenário de crise fiscal, impondo aos trabalhadores desempregados o custo dessa ‘bolsa -patrão’”. A análise da entidade indica que o novo regime de exploração destrói o direito à gratificação de férias, ao 13º salário e ao FGTS, incorporando-os ao pagamento mensal.
A entidade recorda ainda que esse tipo de medida, além de elevar a exploração do proletariado com longas e intensas jornadas com baixa salarial, não cria novos empregos. Ela recorda o exemplo da “reforma trabalhista”, que intensificou a precarização do trabalho e não resolveu o problema do desemprego.
Enquanto apresenta tal medida como se fosse destinada aos pequenos proprietários, Bolsonaro, em realidade, não mexe no principal a esse setor: o alto juros bancário e o endividamento das pequenas empresas, pois isso afetaria sua relação com o sistema financeiro, principal beneficiário do seu governo.
Nova carteira de trabalho visa explorar mais ainda o proletariado brasileiro. Foto: Reprodução