Jair Bolsonaro se reuniu na semana passada com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para discutir o apoio ao sucessor de Lira na Casa e a tramitação de projetos de interesse de Bolsonaro e da extrema-direita. As informações são da jornalista Bela Megale, do jornal monopolista O Globo.
De acordo com fontes da jornalista próximas a Bolsonaro e ao PL, os dois também discutiram o momento político atual. Lira está interessado no apoio do PL, que tem a maior bancada da Câmara dos Deputados, para apoiar um nome de seu interesse na sua sucessão. Já o PL e Bolsonaro estão interessados na aprovação de projetos como o que proíbe a delação premiada de presos e anula informações concedidas nessas condições.
Na semana passada, o PL se reuniu com diferentes deputados cotados para suceder Lira para negociar a aprovação do projeto em troca de votos. O PL também vai apresentar uma carta com uma série de “compromissos com pautas conservadoras” para serem tocadas no Congresso.
Ao que parece, as negociatas estão indo bem para a extrema-direita, porque também na semana passada Lira colocou o projeto de lei das delações em regime de urgência.
O que a extrema-direita quer é anular as informações concedidas por Mauro Cid e livrar Jair Bolsonaro, ou ao menos abrir espaço para a revisão do processo até 2026.
O cenário é uma má notícia a Luiz Inácio, que se vê cada vez mais próximo de ser defenestrado pela articulação da extrema-direita com a direita tradicional. Mesmo sem Bolsonaro em cena, a direita tradicional, que depende do bolsonarismo para voltar com centralidade à cena política em 2026, articula o terreno para a próxima farsa eleitoral com outras figuras da extrema-direita, como Tarcísio de Freitas.
Ao mesmo tempo, o “centrão” e a extrema-direita no parlamento abrem caminho para o crescimento com fomentações de crises políticas no governo, aproveitando a passividade de Luiz Inácio e o abastecimento que o próprio governo deu a esses setores pelas emendas parlamentares e cargos em órgãos importantes. Na semana passada, ministros do “centrão” falaram que não vão mobilizar as bancadas de seus partidos para pautas do governo que não sejam econômicas.