Campo de migrantes de Lipa na saída da cidade de Bihac. Foto: AP Photo.
Milhares de migrantes presos se rebelaram em um campo de detenção da ONU na Bósnia após a tortura de um migrante sem moradia por um policial. As “autoridades” daquela região do país, que faz fronteira com a Croácia, tiveram que enviar forças policiais especiais para o local próximo à cidade de Bihac, na noite do dia 26 de agosto.
Os policiais reprimiram indiscriminadamente os migrantes presos na área e dispararam vários tiros de arma de fogo no ar, na tentativa de dispersar os migrantes que se protegiam da repressão lançando pedras.
Enquanto isso, em dois outros acampamentos de migrantes em Bihac, cada um alojando mais de 1 mil homens, oito migrantes deram positivo para coronavírus naquela semana, algo que revoltou ainda mais os detidos.
A repressão dos agentes do velho Estado recrudesceu ainda mais contra os milhares de migrantes presos na região de Krajina, diante da ameaça iminente de rebelião, particularmente contra os cerca de 1,5 mil migrantes que se encontram sem moradia e vivem em condições miseráveis e insalubres em Bihac, e em várias outras cidades fronteiriças.
Diante disso, também as regiões adjacentes começaram a bloquear o retorno dos migrantes às suas áreas, fazendo com que várias centenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças, fossem retiradas de ônibus e trens e deixadas presas à beira de uma estrada perto da cidade de Bosanska Otoka, sem acesso à comida ou abrigo.
As forças repressivas também impuseram uma proibição de transporte de migrantes, inclusive em transporte público ou táxis, uma proibição de reunião de migrantes em locais públicos e uma proibição de fornecimento de alojamento privado aos migrantes.
A Bósnia-Herzegovina, em 2017, tornara-se um ponto de entrada à Europa para milhares de migrantes do Oriente Médio, Ásia e Norte da África expulsos de seus países pelas guerras imperialistas de rapina e todas as consequências geradas por elas.
Inicialmente, a maioria dos migrantes que entraram na Bósnia-Herzegóvina estavam lá temporariamente, eventualmente conseguindo atravessar para a Croácia. Entretanto, a Croácia, que compartilha uma fronteira de mil quilômetros com o país balcânico, tomou medidas (além das de ordem física) para impedir a migração transfronteiriça, inclusive erguendo cercas em alguns postos de fronteira.
A polícia croata tem repetidamente sido denunciada por espancar migrantes, confiscando seus poucos pertences e empurrando-os ilegalmente de volta à Bósnia-Herzegovina fora dos pontos de passagem oficiais e sem notificar os guardas de fronteira bósnios.