51% da população brasileira é contra a anistia aos galinhas verdes que participaram na Bolsonarada de 8 de janeiro de 2025, segundo uma pesquisa do instituto PoderData divulgada hoje (21/3). O número expressa um rechaço majoritário das massas populares aos reacionários que tomaram parte nas agitações golpistas, mas, ao mesmo tempo, há uma queda se comparado a outras pesquisas de meses atrás – o que pode ser justificado pelo fracasso do governo em combater a extrema-direita pela via institucional.
A anistia está sendo proposta por bolsonaristas na Câmara dos Deputados através de um projeto de lei (PL). Ela também foi a pauta central da agitação bolsonarista minguada que ocorreu em Copacabana, Rio de Janeiro, no dia 16/3.
A pesquisa ouviu 2,5 mil pessoas e tem uma margem de erro de 2%. O instituto diz também que, dentre os eleitores de Luiz Inácio (PT), 54% são contra a anistia, 37% são a favor e 9% não sabem. Entre os eleitores de Bolsonaro, a maioria (49%) também é contra, sendo 36% a favor e 16% que não sabem.
Os números expressam um rechaço majoritário das massas populares aos galinhas verdes que tomaram parte nas agitações golpistas, dentre elas o 8/1. Isso já havia sido mostrado em outras pesquisas, como o levantamento Genial/Quaest de janeiro de 2025, que mostrou que 86% dos brasileiros desaprovam o 8/1.
Fracasso no combate institucional
Contudo, os números expressam uma queda se comparados a outras pesquisas. Um levantamento DataFolha de dezembro de 2024 registrou que 62% dos entrevistados eram contra a anistia aos galinhas verdes do 8/1. Já uma pesquisa Atlas/Intel divulgada em 16 de fevereiro se diferenciou bastante ao registrar um apoio de 51% para a anistia.
Apesar de os resultados diferentes serem esperados em pesquisas feitas por institutos diversos – que usam diferentes métodos –, há uma tendência que mostra uma queda na reprovação há anistia.
Tudo indica que o movimento está atrelado à incapacidade do governo em frear a extrema-direita através da via institucional. Desde que assumiu o governo, Luiz Inácio aplicou uma política de conciliação com a extrema-direita, chegando a abastecer financeiramente os bolsonaristas do Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, com a maior fatia de emendas parlamentares em múltiplas ocasiões entre 2023 e 2025.
A política de conciliação também foi aplicada aos golpistas do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), que não foram investigados e nem sequer punidos por prevaricarem frente à agitação golpista de 2022 – como parte de uma tentativa de retomar a hegemonia sobre as tropas e sobre o setor civil da extrema-direita – e pelo intervencionismo na política nacional, como um golpe militar disfaçardo, desde 2015.
Caso emblemático foi, também, quando o governo deixou de condenar o golpe militar de 1964 na ocasião dos 60 anos da data, abrindo mão de condenar os ideais fascistas da intervenção militar, potenciando assim o rechaço popular ao golpismo atual.
Combate à extrema-direita
Por outro lado, movimentos revolucionários do Brasil tem defendido um combate cada vez mais ativo à extrema-direita pela mobilização das massas populares contra as hordas fascistas. Um destaque são as convocações feitas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e por movimentos revolucionários que apoiam a organização camponesa para combater os latifundiários de extrema-direita.
Há uma ampla gama de setores das massas populares interessados em combter o fascismo e o golpismo pela ativa mobilização popular. No ano passado, o jornal A Nova Democracia reuniu centenas de pessoas em um evento de condenação ao golpe militar de 1964 e contra o golpe militar ainda em curso e a conciliação com os golpistas. Depois do evento, mais de 300 pessoas e movimentos populares assinaram uma nota de condenação ao intervencionismo militar e a política de conciliação.