O Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH e Região – MARRETA e a Liga Operária publicaram este boletim (clique aqui para ver o PDF) e distribuíram às massas em um ato na Praça Sete, epicentro da capital, na última quinta-feira (31/01/2019) e também ao povo de Brumadinho em (1/2/2019).
Uma delegação composta por ativistas do MARRETA, Liga Operária e Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR, foi até Brumadinho se solidarizar com os trabalhadores e moradores da área atingida pelo criminoso rompimento das barragens da Vale. Em breve compartilharemos novas informações e denúncias recolhidas pela delegação que também contou com a presença de integrantes do Comitê de Apoio ao AND de BH.
CRIME HEDIONDO CONTRA O POVO
Dor e revolta! Mais um crime contra o povo e a Nação.
Pouco mais de três anos após o rompimento criminoso da Barragem de Fundão da Vale/BHP Billiton/Samarco em Mariana, que matou pelo menos 19 pessoas, destruiu o povoado de Bento Rodrigues, atingiu milhares de famílias e segue causando vítimas, nova ruptura de barragens da Vale é mais um crime hediondo contra o povo.
Segundo familiares, quase 500 pessoas foram assassinadas e soterradas sob toneladas de lama e rejeitos de mineração. A destruição do meio natural, com extensas áreas de cultivo cobertas pela lama, é definitiva. O rio Paraopeba está morto.
Pressionados pela comoção e revolta da população, o monopólio da imprensa repete que isto é inaceitável, os governantes falam em punição, aplicam multas milionárias, dizem que não se permitirá que isto volte a acontecer. Os dirigentes da mineradora aparecem com cara de choro dizendo do compromisso com as vítimas, que vão indenizar tudo e a todos, que irão rever o método de extração, etc, etc…
Mas é tudo balela. Fizeram o mesmo em Mariana. Hoje, passados 3 anos as mineradoras não indenizaram os atingidos, não entregaram as casas prometidas, não pagaram um tostão das multas, estão todos impunes. Ao contrário, a Vale continuou comprando os políticos, os fiscais e a imprensa para continuar tirando minério do mesmo jeito, com fizeram em Brumadinho e em outras centenas de minas pelo país. Sem a pressão do povo, nada mudará!
Vale assassina
No dia 29/01, foi anunciada a prisão de cinco pessoas do médio escalão da Vale que seriam responsáveis pelos laudos técnicos que atestavam a segurança para atividade mineradora em Brumadinho. Mero jogo de cena para manter tudo como está e para que os peixes graúdos e verdadeiros responsáveis continuem impunes. Quem autorizou ou permitiu funcionar um refeitório e um centro administrativo logo abaixo de uma montanha de rejeitos?
Que valor para eles tem a vida de um trabalhador?
A multibilionária Vale anunciou que “doaria” R$ 100 mil a cada família atingida. Canalhas! Acham que vão conter a revolta dos trabalhadores e do povo com um bocado de dinheiro.
O governo promete liberar o FGTS para as famílias. Cínicos! Este dinheiro é do trabalhador! A famigerada “reforma” trabalhista, que estes políticos impuseram aos trabalhadores brasileiros em 2017, limita o teto da indenização a 50 vezes o salário do trabalhador quando ele morre em serviço, como aconteceu a centenas em Brumadinho.
Todos os governos são cúmplices das mineradoras
Exigimos o desmonte imediato de todas barragens de rejeitos no país
O governo Pimentel sancionou a lei 2.946/2015 que flexibilizou o licenciamento ambiental para a exploração das mineradoras. Esse governo não tomou nenhuma atitude concreta para a responsabilização e punição da Vale/BHP Billiton/Samarco, muito antes pelo contrário, se empenhou para que as mineradoras retomassem o mais rápido possível sua atividade predatória após o crime de Mariana.
O atual governador Romeu Zema, durante sua campanha, declarou que as mineradoras têm muitas dificuldades para obter o licenciamento ambiental e que iria mudar isto. De fato, dois dias antes do crime de Brumadinho, Zema anunciou a ampliação da exploração mineral pela Vallourec nesse mesmo distrito.
Bolsonaro também vociferou durante toda sua campanha contra a “burocratização”, dizendo que ia acabar com a fiscalização dos “ambientalistas xiitas”.
Quando ocorre uma tragédia, e o crime fica escancarado para todos verem, governo e Vale fazem jogo de cena dizendo que a culpa é de um ou de outro. São todos cúmplices!
Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), atualmente há mais de 24 mil barragens voltadas a diversas finalidades em todo o território nacional, 790 delas são destinadas a rejeitos de mineração. E existem ao todo 31 órgãos que abarcam 154 funcionários para fiscalizarem todas essas barragens. E o governo incrementa ainda mais a atividade criminosa quando estabelece que a própria empresa deve exercer a fiscalização de sua atividade.
Existem tecnologias para explorar minério a seco. Por que não se obriga a todos a adotá-las? Porque são mais caras. As mineradoras só pensam em seus lucros bilionários e fica mais barato para esses exploradores comprar meia dúzia de políticos, emissoras de televisão e enterrar o povo sob toneladas de lama.
Nos países imperialistas, a exploração mineral cumpre regras rígidas. Nos países dominados como o nosso, para esses tubarões exploradores, o povo não vale nada!
Não adianta ficar pedindo mais rigor na fiscalização e nem esperar nada destes governantes que, passado o momento da comoção, voltam para o mesmo jogo de encobrir os crimes das grandes empresas. Podemos confiar que as outras barragens de rejeitos vão ser agora fiscalizadas?
Exigimos a suspensão de todas as atividades de mineração para o desmonte de todas as barragens de rejeitos no País. Todas as barragens e não a meia dúzia como propõe a Vale.
Brasil: mais do 500 anos de roubo de nossos recursos naturais
O Brasil é um país semicolonial. Nossa independência é de mentira, somos uma república de mentira. Há 500 anos que nosso papel é de produtor e exportador de matérias-primas para as antigas metrópoles e atuais potências imperialistas do mundo. As mineradoras e os latifundiários são privilegiados instrumentos do imperialismo, além dos bancos e transnacionais instaladas no país, para o saqueio de nossas riquezas naturais e a exploração do trabalho de nosso povo. Esta famigerada Vale, antiga Vale do Rio Doce, foi criada com este fim. A rede globo, com seu “agro, a indústria-riqueza do Brasil” é a exaltação disto.
E para se ter uma ideia dos privilégios que este setor desfruta no país, toda a exportação de matérias-primas, que alcança a cifra de centenas de bilhões de dólares todos os anos, não recolhe um único centavo de impostos aos cofres públicos.
As classes dominantes locais (grande burguesia, em suas frações compradora e burocrática, e o latifúndio) e seus governantes de turno aplicam a política de subjugação nacional. Em essência é a política aplicada, de forma crescente, desde a implantação do regime militar em 1964, passando por todos os governos eleitos dos diferentes partidos até chegar ao atual presidente, que não se cansa de declarar sua condição de lacaio do imperialismo ianque.
Foi ato de Bolsonaro trazer as tropas assassinas do exército de Israel, que há décadas despejam bombas e agridem covardemente o heroico povo palestino, sob patrocínio dos Estados Unidos. Chegaram a Brumadinho com equipamentos que usam para buscar túneis da resistência Palestina mas inúteis para os resgates na lama, segundo o comando dos bombeiros. Pura jogada de marketing na tentativa de limpar suas mãos tingidas do sangue do invencível povo da Palestina.
Nacionalizar e industrializar todos nossos recursos naturais
O que Brasil precisa é de nacionalizar todos seus recursos naturais, industrializá-los aqui para garantir emprego e bem-estar para nosso povo e impulsionar o progresso da Nação.