Diferentes ataques contra o povo indígena Tembé ocorreram nos dias 4 e 7 de agosto, na cidade de Tomé-Açu (PA), após denúncias feitas por um cacique da etnia contra o latifúndio no evento “Diálogos Amazônicos”. Os ataques deixaram ao menos quatro indígenas baleados e um indígena foi preso pela Polícia Militar.
O evento “Diálogos Amazônicos” foi promovido pelo Conselho Nacional de Direito Humanos (CNDH) e ocorreu em prenúncio à Cúpula da Amazônia, evento presidido por Luiz Inácio e voltado para decisões em torno da exploração da Amazônia pelo governo, latifundiários, presidentes oportunistas de diferentes países da América Latina e imperialistas da Europa.
O primeiro ataque ocorreu no dia 4 de agosto, dia de abertura dos “Diálogos Amazônicos”, quando disparos de arma de fogo alvejaram Kauã Tembé, de 19 anos, na aldeia Bananal. Segundo indígenas, moradores e o Ministério Público Federal (MPF), as redondezas da aldeia estavam ocupadas desde o dia anterior por tropas da Polícia Militar (PM) em ação conjunta com seguranças privados do latifúndio Brasil Bio Fuels (BBF).
Eles denunciam ainda que os ataques foram uma retaliação pelas denúncias feitas no evento, de forma que fica claro a ineficácia dos eventos institucionais promovidos pelo governo e como expõem ainda mais as lideranças e lutadores ativos das massas à mira dos latifundiários locais e seus grupos de pistoleiros.
Um documento do MPF afirma que a Associação Indígena Tembé Vale do Acará relatou que “a comunidade (indígena) verificou forte e ostensivo grupamento de Polícia Militar especializada no município e que, nesta sexta-feira, passaram a intervir de maneira truculenta no local ocupado pela comunidade indígena, acompanhadas de seguranças fortemente armados da empresa Brasil Bio Fuels (BBF), interditando ponte de que dá acesso à área de ocupação”.
Os indígenas afirmam que os disparos podem ter partido tanto dos policiais quanto dos pistoleiros. Os conflitos entre o latifúndio e indígenas são antigos e recorrentes na região. Em maio, a liderança Lúcio Tembé foi alvejada a tiros em um ataque denunciado pelos indígenas como encomendado pela BBF. A área é de interesse do latifúndio voltado para a plantação de dendê e óleo de palma, como é o caso da BBF.
O segundo ataque ocorreu no dia 07/08, um dia antes do início da Cúpula da Amazônia, e alvejou três lideranças. Os indígenas novamente acusam a pistolagem. As vítimas foram Daiane Tembé, Felipe Tembé e Erlane Tembé. Felipe foi alvejado por um tiro no ombro e um na coxa. Daiane foi atingida no maxilar e no pescoço e teve de ser levada para um hospital na capital em uma UTI aérea.
Protestos foram realizados pelos indígenas na região desde o dia 04/08 em rechaço aos ataques e por punição aos pistoleiros e mandantes. No dia 08/08, um protesto foi realizado em Belém e interditou parcialmente a rodovia PA-140, em frente ao 48° Batalhão de Polícia Militar.
Enquanto isso, a Cúpula da Amazônia segue a ocorrer alheia à repressão promovida contra os Tembé pela força conjunta da pistolagem e PM a serviço do latifúndio.