Calcutá, Índia: Estupro, Assassinato, Rebelião

No início do mês, milhares de mulheres em Bengala Ocidental protestaram contra o estupro e assassinato de uma médica por um elemento ligado a políticos locais.
Marcha de mulheres em rechaço à estupro de enfermeira. Foto: BBC

Calcutá, Índia: Estupro, Assassinato, Rebelião

No início do mês, milhares de mulheres em Bengala Ocidental protestaram contra o estupro e assassinato de uma médica por um elemento ligado a políticos locais.

Reproduzimos abaixo uma matéria do portal The Red Herald.

Dezenas de milhares de pessoas no estado de Bengala Ocidental organizaram uma enorme marcha para protestar contra o estupro e assassinato de uma médica em treinamento em um hospital público em Calcutá na semana passada [AND: no início de agosto].

Na sexta-feira, 9 de agosto, uma médica adormeceu na sala de descanso após um turno de 36 horas. Na manhã seguinte, seus colegas a encontraram seminua, torturada e morta. Foi alegado que um funcionário do hospital foi preso em relação ao crime.

Dezenas de milhares de pessoas marcharam em resposta aos chamados em toda a cidade de Calcutá e em todo o estado federal na noite de quarta-feira, 14 de agosto. A polícia atacou as mulheres com gás pimenta. Protestos também ocorreram em outras cidades, como Delhi, Hyderabad, Mumbai e Pune.

Os esforços da administração policial para encobrir o estupro coletivo e assassinato deixaram claro para toda a população do estado, incluindo os estudantes, que o Partido Trinamool (o partido governante em Bengala Ocidental) está por trás deste crime brutal. Um líder sênior do partido ou um membro de sua família está diretamente envolvido. Para proteger os estupradores e assassinos, as autoridades universitárias tornaram-se ativas em demolir o auditório para destruir as evidências assim que a investigação foi transferida para o CBI (Gabinete Central de Investigação).

É importante notar esta revelação porque foi amplamente noticiada, por exemplo, segundo a BBC, “embora os protestos tenham sido em grande parte pacíficos, foram prejudicados por confrontos entre a polícia e um pequeno grupo de homens não identificados que invadiram o Hospital e Faculdade de Medicina RG Kar, local do assassinato da médica, e saquearam o departamento de emergência” ou chamando-o de “hooliganismo desencadeado contra os estudantes em protesto”. Este conto de fadas está de acordo com a linha do governo para descreditar e rotular os protestos como “anti-povo”.

Na meia-noite do dia 15 de agosto, quando todo o estado estava nas ruas exigindo justiça pelo estupro coletivo e assassinato, os capangas do Trinamool atacaram os médicos em protesto no Hospital. Desde destruir o palco do movimento, espancar os médicos e pacientes em protesto, vandalizar o hospital (o principal objetivo é, na verdade, destruir as evidências), até tentar entrar no hostel dos estudantes. Durante todos esses incidentes, a polícia de Calcutá agiu como o guarda-costas de fato dos gangsteres do Trinamool. Quando os manifestantes ao redor do Hospital e Faculdade de Medicina RG Kar resistiram aos capangas, a força policial de Mamata Banerjee usou bastões para reprimir os protestos e disparou bombas de gás lacrimogêneo contra eles. Vários manifestantes ficaram feridos. Veículos policiais foram atacados. E foi relatado que a polícia de Calcutá prendeu 19 pessoas.

No dia 16 de agosto, médicos de muitos hospitais públicos, em todo o estado e a nível nacional, convocaram uma greve para exigir uma punição exemplar pelos incidentes, pelos culpados e pela proteção dos associados próximos ao Trinamool. Como resultado, todo o sistema de saúde do país foi paralisado. Foi relatado que pelo menos um milhão de médicos entraram em greve hoje (17 de agosto).

Foi declarado pela Frente dos Estudantes Revolucionários (RSF) que, na Índia, um estupro ocorre a cada seis minutos. Muitos casos de abuso e molestação de mulheres acontecem. É importante erradicar as sementes da cultura do estupro e do patriarcado em nossa sociedade. A RSF apoia o movimento de médicos e estudantes em busca de justiça para o incidente do Hospital e Faculdade de Medicina RG Kar e está chamando para a formação de um movimento de massa militante nos moldes de Naxalbari para enfrentar os bandidos e avançar na luta contra o patriarcado, com o objetivo de promover uma mudança radical na sociedade.

Foto: BBC

Além disso, veio à tona que as “mortes misteriosas” de médicos de várias faculdades de medicina foram classificadas como suicídios pelas autoridades das faculdades e pela polícia. Na verdade, pacientes estão ainda mais propensos a serem vítimas de tais situações. Portanto, este movimento não é apenas para os médicos; é o movimento de todos os pacientes e seus familiares, o movimento de todos os estados e de toda a população.

Também houve convocações para uma paralisação total no campus da Universidade de Jadavpur, exigindo a renúncia do CM por conivência em proteger os perpetradores do brutal estupro e assassinato no Hospital e Faculdade de Medicina RG Kar, a punição severa para os responsáveis por trotes e pelo assassinato de Swapno, contra a repressão e os ataques hediondos aos médicos em protesto e à sociedade civil pelo nexo entre os capangas do Congresso do Trinamool e a polícia, e contra a conspiração policial de rotular o Dr. Anubhab e outros médicos em protesto como “hooligans” e emitir ordens de fechamento.

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