Greve dos caminhoneiros teve gigante apoio popular em 2018. Foto: Reprodução
No último dia 22 de abril, após quatro horas de reunião com o ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro – tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas (ACFFAA) –, Tarcísio Gomes de Freitas, representantes de várias entidades dos caminhoneiros, chegaram a um acordo após duas semanas de pressões contra o aumento no preço do óleo diesel que resultaram em uma ameaça de paralisação para o dia 29 de abril. Os trabalhadores apresentaram uma proposta de compensação do aumento de 4,84% no preço do diesel através de uma fiscalização mais rigorosa do piso do frete estabelecido pela lei 13.703.
A lei estabeleceu uma política de pisos mínimos para o transporte rodoviário de carga. A lei faz parte do acordo feito em maio de 2018 com o governo Temer após a greve da categoria que paralisou o Brasil e bloqueou o acesso às refinarias de todo o país. No entanto, desde então, a lei não vem sendo cumprida pelas contratadoras de frete, o que além de outras questões, têm revoltado a categoria.
“Cedendo à pressão, o ministro assumiu o compromisso de que o próprio caminhoneiro será um fiscalizador junto aos seus sindicatos de base que irá passar para a Confederação Nacional dos Transportadores Autonômos (CNTA) e a CNTA que irá trazer direto para o governo a relação de empresas, os embarcadores que não estão pagando o piso mínimo e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) irá autuar essas empresas por não cumprirem a lei. Ou o governo faz valer o piso mínimo em todo o país no prazo máximo de três dias após essa reunião, ou reduz em torno de 50 a 60 centavos o preço do diesel até que o piso comece a valer. O governo precisa fazer isso rápido, nos próximos dias. Do contrário, a categoria está unida para a paralisação dia 29.”, ameaçou o caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedeco, uma das lideranças da categoria, mostrando que a paralisação ainda não está descartada.
Na reunião ocorrida dia 22, trabalhadores disseram que o aumento no preço do diesel levaria a categoria “ao fundo do poço” e ainda acusaram o governo Bolsonaro/ACFFAA de produzir falsas lideranças de caminhoneiros para excluir das negociações os verdadeiros porta-vozes da categoria. Um deles seria Wallace Landim, o Chorão, apresentado pelo governo como líder dos caminhoneiros, o que deixou revoltadas as verdadeiras lideranças da categoria.
— Chorão não nos representa. Ele é motorista de van, não de caminhão. Desde que esse governo assumiu, encerrou-se a negociação com os verdadeiros representantes da categoria. Eu mesmo tenho como provar que desde janeiro eu peço uma conversa com o ministro Onyx Lorenzoni [Casa Civil] e nada. O governo anda conversando com quem nunca entrou em um caminhão, nem de carona — denuncia Dedeco, se referindo aos supostos representantes dos caminhoneiros, que têm feito acordos unilaterais com o governo Bolsonaro.