O camponês Ednaldo Palheta da Cunha foi assassinado a tiros no dia 11 de janeiro por pistoleiros no município de Vitória do Xingu, no Pará. Liderança de um acampamento de pequenos agricultores, ele foi abordado por dois homens em uma moto na estrada Ramal Água Boa e foi executado na frente do filho, Naldo, de 11 anos. As informações são do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Ednaldo tinha 45 anos e era presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do Km 40, uma entidade formada por 228 famílias camponesas que ocupam uma área de interesse de latifundiários em Vitória do Xingu. A região é disputada apesar de o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já ter classificado a área como pública e pendente de titulação definitiva. É a leniência do Estado brasileiro que prolonga o processo e facilita casos de violência contra os camponeses, como o de Ednaldo.
O Pará é um dos estados com mais conflitos pela terra no Brasil. Em Vitória do Xingu, o cenário tenso se agravou desde a construção da hidrelétrica de Belo Monte. A cidade, que é município sede da usina, recebe a maior fatia da Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos (CFUHR) e tem uma economia dependente da pecuária extensiva; ou seja, há grandes interesses das oligarquias locais envolvidos na cidade.
As famílias do Km 40 já produzem arroz, feijão, maxixe, quiabo, inhame e seriguela na terra, de acordo com o MAB. “Nós não queremos plantar capim, não queremos criar gado, queremos só esse pedacinho de uma terra que não tem documento”, disse um camponês à equipe de comunicação do movimento.