Foto: Diário de Luta
No último dia 30 de novembro, o movimento Fóruns e Redes de Cidadania, em conjunto com as associações comunitárias dos povoados de Arari, realizou uma pequena comemoração à soltura dos quatro camponeses Laudivino, Emilde, Joel e Edilson, presos por 72 dias por derrubar cercas criminosas na região da Baixada maranhense.
Nas falas dos companheiros, foi ressaltada a necessidade de continuar a luta de forma ininterrupta. Eles apontaram que a prisão não desanimou ou abateu a nenhum deles e ressaltaram que estão mais fortes e decididos a lutar contra as cercas, o latifúndio e o governo conivente com a grilagem de terra. Também foi ressaltada a importância dos atos em seu apoio por entidades democráticas Brasil afora, como os organizados pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), a CSP-CONLUTAS, a Associação Brasileira dos Advogados do Povo (abrapo) e outras. Os camponeses ressaltaram que com uma grande união de forças nacionais em solidariedade é possível enfrentar o arbítrio, a violência e as injustiças do Estado.
Trechos da matéria Milhares se mobilizam para exigir liberdade aos lavradores da Baixada maranhense foram lidos na plenária destacando o papel da imprensa popular no rompimento do cerco feito pela máquina de propaganda do governo do estado. Os camponeses sentiram-se felizes em ver suas fotos num jornal de circulação nacional como o AND, e pediram por várias cópias “para emoldurar”.
Foto: Diário de Luta
O advogado do movimento, Iriomar Teixeira, que esteve pelo Brasil no período das campanhas nacionais, ressaltou que a simples menção da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para o campo bastou para que o judiciário maranhense, historicamente um dos mais vinculados ao latifúndio e à grilagem de terra, expedisse uma decisão proibindo aos camponeses do povoado de Santa Maria (Urbano Santos) de roçar sua terra, autorizando a polícia de usar “todos os meios” para repressão em caso de descumprimento dessa decisão.
Apesar disso, o clima não foi cabisbaixo, mas de sede pela conquista dos direitos democráticos à terra. Um dos camponeses libertos, Emilde, fez questão de lembrar na plenária de como, em seu depoimento, respondendo à pergunta do juiz da comarca: “Porque os camponeses resolveram derrubar as cercas?”. Ele afirmou categoricamente que o juiz, a promotora e o delegado de polícia sempre serviam aos grileiros, fazendeiros e latifundiários, e não ao povo camponês da Baixada.
É nesse espírito de confrontamento que o movimento reafirmou sua posição de luta intransigente, mesmo com as chantagens e intimidações do Estado brasileiro. Aos sons do tambor de crioula e com a mesa farta de churrasco de carne do porco caboclo da região, os camponeses de Arari celebraram sua liberdade.
Foto: Diário de Luta