Policiais militares e pistoleiros ainda estão tentando intimidar os camponeses da Área Revolucionária Gedeon José Duque, em Machadinho D’Oeste, Rondônia, segundo áudios enviados à Redação de AND.
“Esses dias interrogaram meu amigo perto da linha 10. Também tiraram foto do documento dele”, relatou um camponês. Ele detalhou que a abordagem foi arbitrária, sem nenhum motivo para a revista. A versão foi confirmada por outra camponesa, que disse que os policiais montaram um posto e tem feito rondas na área para intimidar as famílias.
A ofensiva da PM contra os camponeses ocorre em meio a ataques de pistoleiros do grupo “Invasão Zero” e do bando chefiado por Gesulino Castro. O AND tem acompanhado de perto a situação e denunciou as várias violações de direitos que ocorrem na Área Gedeon há mais de um mês.
Em um dos ataques, pistoleiros incendiaram plantações, destruíram casas, mataram e feriram animais domésticos e de criação dos camponeses, conforme averiguou uma missão de solidariedade na região. O AND cobriu a missão com exclusividade.
Os camponeses também relatam que a PM funciona como um bando a serviço dos latifundiários. “Eu fico indignada com isso, porque tem coisas que a polícia tem que cuidar e não cuida, mas vai no sítio, na linha 10, para fazer o que? Para oprimir os camponeses que lutam pela terra”, comentou ela.
As ações da PM ocorrem sem mandado ou decisão judicial e em benefício dos latifundiários. No dia 09/04, os policiais chegaram a atacar os camponeses junto de latifundiários e pistoleiros. Fotos registraram viaturas junto de caminhonetes usadas pelos mercenários. Já no final de abril, a PM intensificou as rondas depois que camponeses repeliram pistoleiros do “Invasão Zero” que estavam destruindo a mata da área Gedeon.
Apesar das intimidações, a camponesa insiste que as famílias não vão desistir da secular luta pela terra. “Desde pequena que eu escutava meu pai, minha mãe, que hoje não se encontram mais aqui, dizerem que esperavam pela terra. Essa terra nunca saiu pelo Incra, o Incra não dá terra para ninguém”, disse ela. “É preciso lutar”.
Os camponeses convocaram todos os democratas e progressistas a acompanharem de perto os desdobramentos em Machadinho D’Oeste, a defenderam a Revolução Agrária e denunciarem a violência policial e dos bandos paramilitares.