Em uma criminosa ação da Polícia Militar (PM), mais de 300 camponeses organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram despejados de um latifúndio improdutivo pertencente ao monopólio frigorífico “JBS”, no município de Dourados, no Mato Grosso do Sul.
Em nota, o MST informou que as famílias ocuparam o terreno, improdutivo há mais de 12 anos, no sábado (26). A ocupação era uma extensão do Acampamento Esperança, onde aproximadamente 270 famílias vivem à beira da rodovia MS-379 há dois anos. Cansados de esperar a Reforma Agrária, os camponeses tomaram as terras.
Logo após a ocupação, drones da PM sobrevoaram a região e policiais chegaram a ir ao acampamento três vezes para intimidar os camponeses, alegando estar recebendo ordem do Batalhão de Campo Grande (MS). Pela madrugada, os policiais, em uma ação covarde, fecharam a rodovia que conecta o acampamento à cidade, impedindo a entrada e saída das famílias.
As cenas que parecem de guerra são imagens do acampamento do MST em Dourados, onde a PM de Mato Grosso do Sul avança sobre famílias que lutam pelo direito de produzir alimentos. O conflito no campo não se resolve com violência. pic.twitter.com/YVkyholJ09
— Camila Jara (@camilajarams) April 27, 2025
No dia seguinte, a Tropa de Choque da PM, acompanhada pelo Departamento de Ações Especiais da Fronteira (DAEF), a serviço da JBS, avançaram sobre as massas populares mesmo sem possuir uma Ordem de Reintegração de Posse. As Forças de Repressão do velho Estado encurralaram as famílias ocupantes, dando tiros de bala de borracha e sufocando-as com gás lacrimogêneo. Em seguida, iniciaram a demolir as casas.
Os camponeses se reuniram na MS-379 em protesto contra as ilegalidades policiais, denunciando que as Forças de Repressão estavam a serviço do monopólio frigorífico, empresa conhecida por submeter seus trabalhadores à ritmos de trabalho exaustivos, com materiais de alto risco, elevando a chance de lesões. Em 2021, um trabalhador chegou a morrer em uma fábrica da JBL após ser triturado em uma máquina de moer carne.
O Mato Grosso do Sul é o sexto estado com maior quantidade de conflitos agrários, com ao menos 102 conflitos registrados em 2024, segundo dados do relatório anual de conflitos no campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A maioria destes ataques são promovidos pela Forças de Repressão do velho Estado e por pistoleiros, geralmente acompanhados por latifundiários locais que comandam as operações pessoalmente, seguindo métodos semelhantes aos do bando paramilitar “Invasão Zero”.