Camponeses exigem punição para assassinos de Cleomar Rodrigues

Camponeses exigem punição para assassinos de Cleomar Rodrigues

Dirigente camponês do Norte de Minas foi executado em 2014 por pistoleiros

Com informações de nota divulgada no portal do jornal Resistência Camponesa

No feriado de 7 de setembro, camponeses organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) marcharam em duas cidades do Norte de Minas – Pedras de Maria da Cruz e Januária – para exigir a punição para os assassinos do dirigente camponês Cleomar Rodrigues.

Os camponeses exigiram, durante os atos, punição para os mandantes e executores de Cleomar. Eles denunciaram também os recentes crimes organizados pela reacionária união de latifundiários autodenominada “Movimento Paz No Campo”.

Faixas, palavras de ordem e propaganda com consignas defendendo a luta pela terra e rechaçando a faixa eleitoral foram utilizadas nas manifestações; ao todo, pelo menos 4 mil exemplares de um Manifesto da LCP sobre o assassinato de Cleomar foram distribuídos.

A considerável repercussão dos atos nas duas cidades resultou no cancelamento, na sua véspera, do julgamento dos pistoleiros acusados de assassinar o dirigente camponês, que havia sido marcado com um ano de antecedência.

Em nota, o jornal Resistência Camponesa afirmando que “o julgamento foi cancelado devido a forte pressão da opinião pública local, nacional e internacional favorável à punição dos latifundiários mandantes e dos policiais envolvidos no crime e que, desde 2014, [os mandates e executores] são protegidos por meio de um inquérito policial e processo judicial farsante que busca de todas as formas tirar o caráter político de mais este crime de Estado contra os camponeses e sua legítima luta pela terra”.

Como o jornal Resistência Camponesa afirma, Cleomar foi “assassinado numa tocaia armada por policiais e pistoleiros a soldo de um consórcio de latifundiários, como tentativa desesperada de frear o crescimento da luta pela terra e por territórios de camponeses, quilombolas e indígenas”.

 

Segue na íntegra o manifesto da LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia distribuído durante as manifestações do dia 7 de setembro:

No dia 22 de Outubro deste ano completam-se quatro anos do covarde assassinato do companheiro Cleomar, por pistoleiros e policiais, a mando dos latifundiários. Cleomar Rodrigues de Almeida, dirigente da Liga dos Camponeses Pobres, foi fuzilado por disparos de armas de grosso calibre numa tocaia, na porteira que dá acesso à Área Unidos com Deus Venceremos em Pedras de Maria da Cruz, onde trabalhava e vivia com 35 famílias, desde 2008. Seu assassinato causou grande repercussão na região, revolta entre os camponeses e comoção entre os apoiadores da luta pela terra e democratas em várias partes do país. 

O companheiro Cleomar há muito tempo vinha sendo ameaçado de morte, por conhecidos pistoleiros da região e pelo policial civil Danilo de Januária, que junto com outros agentes do Estado, publicamente prestam “serviços” aos latifundiários de Pedras de Maria da Cruz e região. Desde 2010, isto foi denunciado amplamente ao MP, Ouvidoria Agrária, INCRA e outras autoridades, inclusive em audiências públicas, onde foram citados os latifundiários Antônio Carlos Vinagre, Hiram Moura, Rodolfo Rabelo, Antônio Aureliano e outros.

O companheiro Cleomar foi assassinado por sua militância abnegada, por defender os interesses e a união dos camponeses pobres na luta contra o inimigo comum: o latifúndio e seu velho Estado; Em sua memória, as famílias camponesas retomaram parte das terras griladas da fazenda Pedras de Maria Agropecuária, cortaram e distribuíram as parcelas, dando seu nome à Comunidade.

No final de 2014, depois de um inquérito farsante, que tinha como objetivo esconder os nomes dos latifundiários mandantes do assassinato do companheiro Cleomar, bem como impedir que viesse à tona a participação de agentes policiais de Januária no crime, foram presos os pistoleiros Marcos Ribeiro de Gusmão e Marco Aurélio da Cruz Silva, acusados pelo assassinato. No entanto, menos de 1 ano depois, em 03 de novembro de 2015, um habeas corpus do STJ concedeu liberdade provisória para eles.

A soltura destes bandidos, assim como a não acusação formal dos mandantes e da formação de uma organização criminosa dos latifundiários desta região, envolvendo agentes policiais do Estado, como evidencia o julgamento que será realizado dia 13 de setembro deste ano, demonstra bem a farsa desta “justiça” que historicamente acoberta grileiros de terra, torturadores, assassinos de camponeses, quilombolas e indígenas, configurando em Crimes de Estado.

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