Mais de 400 famílias camponesas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ocuparam no dia 10 de abril um latifúndio de 1,7 mil hectares na cidade de Triunfo, a cerca de 70 km da capital Porto Alegre. A terra pertencia à agora privatizada CEEE Transmissão, porém suas estruturas relacionadas à transmissão de energia elétrica estavam abandonadas e o terreno estava sendo usado para o cultivo de eucalipto.
O MST reivindica o local para a reforma agrária. Em entrevista ao monopólio de imprensa, um membro da coordenação estadual do MST disse que a ocupação é fruto da lentidão do governo em reassentar famílias que tiveram seus ranchos destruídos pelas enchentes de maio de 2024. O dirigente também denunciou a situação das mais de 1,6 mil famílias acampadas em todo o estado, que há mais de 10 anos esperam o assentamento pelo Incra.
Esta ação é apenas uma entre dezenas de outras ocupações dirigidas pelo MST durante o “Abril Vermelho”, e ocorre em meio a uma investida geral dos paramilitares da extrema direita em conluio com a Polícia Militar (PM) contra a luta dos camponeses pobres. No dia 9 de abril, paramilitares invadiram a área Gedeon José Duque, em Machadinho D’Oeste (RO). Já em março, a União das Comunidades em Luta denunciou o conluio do latifúndio com o judiciário do estado do Maranhão para grilar terras e reprimir a luta dos camponeses.
Esses ataques pistoleiros são incentivados por políticos e grandes empresários. Camponeses de Rondônia afirmaram ao AND que o chefe do ataque contra a área Gedeon José Duque, o bandido Gesulino Tavares, é apoiado por políticos bolsonaristas e por um magnata. Paralelamente, políticos reacionários como Ronaldo Caiado (governador de Goiás), Jorginho Mello (governador de Santa Catarina) e Romeu Zema (governador de Minas Gerais) têm propagandeado o “Abril Verde” ou “Abril Verde e Amarelo” contra o “Abril Vermelho”. O movimento, convocado “em nome da propriedade privada”, serve de estímulo aos ataques de hordas paramilitares de extrema direita contra camponeses pobres em luta.