Canadá: 155 mil servidores públicos declaram greve

155 mil servidores públicos do Canadá entraram em greve no dia 19/01. Foto: REUTERS/Blair Gable
155 mil servidores públicos do Canadá entraram em greve no dia 19/01. Foto: REUTERS/Blair Gable
155 mil servidores públicos do Canadá entraram em greve no dia 19/01. Foto: REUTERS/Blair Gable

Canadá: 155 mil servidores públicos declaram greve

Ao menos 155 mil servidores públicos canadenses declararam greve na madrugada do dia 19 de abril por aumentos salariais que acompanhem o ritmo da inflação e melhores condições de trabalho. A greve mobilizou diversos setores do serviço público federal do país, sobretudo do Conselho de Tesouro e de agências de impostos. 

A mobilização foi iniciada na 00h do dia 19/04. Ao longo do dia, os trabalhadores em greve realizaram 250 piquetes pelo país. O escritório do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, foi um dos alvos da mobilização. Além disso, um protesto também ocorreu em frente ao Parlamento reacionário do país. 

A greve ocorreu após o Estado imperialista do Canadá negar múltiplas vezes as exigências dos trabalhadores. Atualmente, os servidores do Tesouro exigem um aumento de 13,5% no salário e os trabalhadores das agências de impostos, de 22,5%. Ademais, as massas reivindicam melhores condições de trabalho remoto e direitos trabalhistas, como a licença familiar remunerada. 

Desemprego e endividamento

Atualmente, o Canadá se encontra assolado por uma crise econômica brutal e um cenário de recessão que empurra cada vez mais as massas do país à miséria. Segundo o próprio Banco Real do Canadá, a alta nos preços e as elevadas taxas de juros reduzirão em até 3 mil dólares o poder de compra das famílias médias ao longo de 2023. Nos últimos 4 meses, pelo menos 92 mil pessoas perderam o emprego no país. As previsões do Banco Real do Canadá indicam que o desemprego deve subir dos atuais 5,1% até 8% no final do ano. 

Como resultado da inflação, das altas taxas de juros e do desemprego crescente, as massas canadenses se vêem forçadas a endividar-se cada vez mais para custear a sobrevivência mais básica. Nisso, milhares de massas do país se endividam pelos cartões de créditos com compras básicas do dia-a-dia, como supermercados. Em um ano (de dezembro de 2021 até dezembro de 2022), as dívidas por cartão de crédito no país cresceram 13,8%. 

Crise do imperialismo 

Longe de ser um caso único, a crise no Canadá se insere dentro do amplo contexto da crise sem precedentes do imperialismo, que tem proporcionado carestia de vida das massas de todo o mundo. No Estados Unidos, país vizinho do Canadá, as massas também têm sofrido com o peso da crise: em 2022, 20 milhões de estadunidenses encontravam-se com as contas de luz atrasadas e o número de empréstimos contraídos para arcar com os custos cotidianos de vida estavam em constante crescimento.

Em todo o continente europeu, as massas têm se levantado contra a carestia de vida. Na Inglaterra, dezenas de protestos estremeceram o país ao longo de 2022 e no início de 2023 contra a miséria crescente, expressa nos elevados preços dos aluguéis, que tem lançado milhares de trabalhadores às ruas, e na inflação em cima dos alimentos. Na Alemanha, até mesmo as instituições financeiras do imperialismo têm anunciado o peso da crise sobre o povo. Segundo o Banco Federal Alemão, “a inflação continua alta [no país] e diminui o poder de compra das famílias”. A inflação no país germânico atingiu 9,3% em fevereiro. 

Essa grave crise econômica que abala os países imperialistas também assola os países semicoloniais, e de forma ainda mais brutal, mantendo a condição semicolonial e semifeudal. No Brasil, por exemplo, os efeitos da crise se fazem sentir sobre as massas de maneira cada vez mais grave dia após dia. Assim como no Canadá, milhares de famílias brasileiras se encontram endividadas: em março, o número de famílias no Brasil endividadas era de 78%. Além da quantidade exorbitante de trabalhadores endividados, a razão do endividamento também aproxima a realidade das massas canadenses e brasileiras. Das 68,3 milhões de famílias endividadas em setembro de 2022, 53% tinham como principal razão da dívida as compras do dia-a-dia realizadas nos cartões de crédito. Dessas dívidas por cartão, 65% foram feitas em supermercados.

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