Um dia após o Youtube desmonetizar o canal do jornal A Nova Democracia, a plataforma de vídeos decidiu hoje (15/1), sem aviso prévio, encerrar todo o canal de nossa tribuna por conta da nossa corajosa cobertura jornalística revolucionária ter supostamente violado as reacionárias diretrizes de segurança da plataforma.
O banimento do Youtube proíbe o AND de baixar o próprio acervo jornalístico que estava no canal. São mais de 15 anos de produção audiovisual, dentre eles coberturas exclusivas de crimes do velho Estado brasileiro contra o povo e de momentos históricos da luta das massas populares de nosso país.
Segundo o Youtube, o AND violou a “política de Organizações criminosas violentas”, que detalha que “não é permitido publicar no YouTube conteúdo que apoie, promova ou ajude organizações criminosas ou extremistas violentas. Essas entidades não podem usar o YouTube para nenhuma finalidade, incluindo recrutamento.”
O Youtube oferece uma única chance de contestação da decisão de encerramento do canal. O AND entrará com o pedido em breve.
Diretrizes reacionárias
Para a Redação de AND, só é possível supôr que o Youtube considere a histórica cobertura de nossa tribuna sobre a guerra camponesa revolucionária travada nos rincões do Brasil, na qual os camponeses, indígenas e quilombolas enfrentam com audácia os crimes dos bandos paramilitares do latifúndio (como na cobertura da luta camponesa nos Acampamentos Manoel Ribeiro e Tiago Campin dos Santos, em 2021 e 2022, ou da luta dos Guarani-Kaiowá em Douradina, em 2024) como uma violação das diretrizes reacionárias; ou, da mesma forma, que a plataforma considere como violação das diretrizes sionistas a cobertura, por AND, da guerra de libertação nacional do povo palestino, cobertura que sempre contou com a transmissão de vídeos da Resistência Nacional Palestina, em que os guerrilheiros árabes varrem a ocupação sionista de seus territórios com ousadas ações militares.
No dia 14/1, o Youtube desmonetizou o canal de AND com a mesma justificativa. De acordo com o Youtube, a edição do programa Plantão Palestina com título “Editor da BBC é colaborador do Mossad e da CIA/Houthis lançam 40 mísseis” violou a “Política contra organizações extremistas ou criminosas violentas” do Youtube. A desmonetização também ocorreu sem aviso prévio: a equipe só descobriu a penalização porque, na área de monetização do canal, a plataforma de vídeos informa que “Você não está qualificado para monetização”. Antes da censura sobre o vídeo, o canal de AND recebia monetização de adsense, clube de membros e outras fontes de renda a partir do Youtube.
Reconhecimento internacional
O canal do Youtube de AND era reconhecido internacionalmente pelas audazes coberturas de chacinas policiais nas favelas (gravadas lado a lado dos moradores, nos miolos das favelas, e não de helicópteros, como no caso do monopólio de imprensa) e no campo (como o documentário Terra e Sangue, sobre a Chacina de Pau D’Arco, de 2017).
O AND também era conhecido mundialmente pela cobertura da luta popular. Os vídeos de AND das Jornadas de 2013 e 2014 registraram momentos singulares dos protestos com exclusividade. Além disso, o AND cobriu de perto várias das remoções de favelas no Rio de Janeiro que ocorreram como preparação à Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. Ainda é possível encontrar, no Youtube, a reprodução de algumas dessas coberturas em outros canais:
Desde 2023, o AND deu um salto em sua produção audiovisual, com a implementação de programas de notícias diários para tratar da situação política nacional e internacional. No mesmo ano, após o lançamento da Operação Dilúvio de Al-Aqsa no 7 de outubro, o AND inaugurou, logo no dia 9 de outubro, o programa Plantão Palestina, inicialmente como um quadro do programa A Propósito e depois como um programa a parte. Foram mais de 200 edições do programa Plantão Palestina desde que houve a separação entre os dois programas.
Dezenas de entrevistas
O AND também entrevistou dezenas de pessoas, dentre elas ativistas envolvidos em lutas populares e importantes personalidades progressistas e democráticas. Somente no tema da Palestina, o AND conduziu entrevistas: com o Editor-chefe do portal Palestine Chronicle e autor de mais de 6 livros sobre a Palestina, Dr. Ramzy Baroud; com o chefe de redação do The Cradle, Esteban Carillo; com a importante jornalista Lucia Helena Issa; com o palestino extraditado do Brasil, professor universitário na Malásia, Muslim Ajaar (a única entrevista audiovisual feita por um jornal brasileiro com ele); com o presidente do Instituto Brasil-Palestina, Ahmad Shehada; com o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah e outros.
Uma série de outras entrevistas foi feita em 2024 para condenar os 60 anos do golpe militar de 1964. Personalidades como a professora Ana Paula Goulart, da Escola de Comunicação da UFRJ, a professora Joana D’arc, da Universidade Federal Fluminense, a ativista e irmã do guerrilheiro do Araguaia João Carlos Haas Sobrinho, Sonia Haas e o ativista e sobrinho do revolucionário Mario Alves, Leo Alves foram entrevistados pelo AND, em vídeos agora perdidos.
Ataques nunca impediram produção
Essa não é a primeira vez que o AND é alvo de ataques. Nos mais de 20 anos de história do nosso jornal, o AND já teve a rede de eletricidade de sua principal sede sabotada, uma sede Comitê de Apoio incendiada e invadida, nossa Redação enfrentou campanas e nossos correspondentes foram alvos de detenções em protestos. Mesmo assim, o ritmo da produção nunca desacelerou.
A Redação de AND reafirma que a censura reacionária do Youtube não vai impedir ou reduzir em nada o trabalho jornalístico revolucionário do jornal A Nova Democracia. Como comentado na entrevista com Esteban Carillo, após perguntá-lo sobre o banimento que o The Cradle sofreu no Instagram, “esse é um sinal de bom jornalismo, um jornalismo a serviço do povo”.
No mesmo sentido, exortamos a todos os os amigos e amigas, apoiadores, leitores, espectadores e colaboradores de AND a compartilharem ao máximo a denúncia sobre o banimento de nosso canal e apoiarem o AND financeiramente como forma de responder à ação sionista que visa, pela desmonetização e banimento do canal, impedir o trabalho da imprensa revolucionária. O apoio pode ser dado a partir da Loja do AND, de nosso Catarse, que pode ser acessado neste link, ou do pix [email protected].
Em breve, o divulgaremos mais formas de apoiar nossa tribuna. O jornal A Nova Democracia não descansará na luta pela recuperação dos mais de 15 anos de produção jornalística revolucionária a serviço da povo.