Cantor Leonardo e empresários do ramo imobiliário são processados por venda de terrenos irregulares

O caso veio à tona menos de 6 meses após o cantor entrar na lista suja do trabalho escravo, por submeter seis trabalhadores a condições desumanas. 

Cantor Leonardo e empresários do ramo imobiliário são processados por venda de terrenos irregulares

O caso veio à tona menos de 6 meses após o cantor entrar na lista suja do trabalho escravo, por submeter seis trabalhadores a condições desumanas. 

O cantor sertanejo Leonardo e um grupo de grandes burgueses do ramo imobiliário estão sendo processados por uma suposta participação na venda de terrenos irregulares em Querência (MT). Os compradores afirmam que foram enganados. Os valores das transações teriam superado os R$ 48 milhões. O caso vem a tona 6 meses após camponeses serem encontrados em situação análoga a escravidão em uma das fazendas do cantor, no interior de Goiás. 

Os processos trazem o nome civil de Leonardo, Emival Eterno da Costa, e seu amigo pessoal Aguinaldo José Anacleto, empresário da AGX Participações e Empreendimentos Ltda, cujo garoto propaganda é o próprio cantor. Embora não especifique qual foi a participação do cantor na compra e venda dos terrenos, os compradores acusam o cantor de ter incentivado as transações. A defesa de Leonardo afirma que o cantor não sabia da irregularidade do terreno e apenas trabalhou na propaganda. 

Segundo os compradores, no lugar de entregarem as escrituras dos terrenos, foi-lhes entregue cotas de participação nas empresas responsáveis pelo loteamento ilegal, o que dificulta a resolução do caso.

No momento, dois processos sobre o caso correm na justiça. O primeiro é movido por compradores individuais, que pedem a suspensão dos contratos e o fim de cobranças. O segundo se trata de uma ação civil pública solicitada pela associação de moradores local. Em janeiro a justiça determinou a suspensão das cobranças de forma temporária. 

Aqueles que compraram o terreno afirmaram que foram convencidos pelas propagandas, na qual Leonardo afirmava as supostas vantagens de adquiri-los. Em vídeos divulgados em seu canal pessoal no Youtube, Leonardo chegou a classificar o grupo AGX como uma “empresa maravilhosa”, ao divulgar as cercas de eucalipto produzidas pela empresa. 

Entre os anos de 2021 e 2022, o cantor promoveu uma série de campanhas de publicidade junto à empresa em Querência, aparecendo amplamente em outdoors, vídeos, fotos e demais materiais de divulgação. 

De acordo com o portal Bahia Notícias, o projeto, lançado há 3 anos, está paralisado devido a uma reintegração de posse. Ao menos 800 lotes foram vendidos. Segundo a empresa, o projeto não envolveu a venda de lotes, mas sim a captação de investimentos para o desenvolvimento do projeto. A AGX afirmou ainda que a participação de Leonardo foi restrita aos anúncios, excluindo qualquer participação em investimentos. 

Contudo, de acordo com os compradores, mais de 462 terrenos foram vendidos de forma irregular, gerando um prejuízo superior a R$ 48 milhões. O juiz responsável pelo caso, por sua vez, destacou que há indícios suficientes capazes de questionar a legalidade das vendas, destacando o grande prejuízo sofrido pelos compradores. O caso ainda não foi resolvido. 

Em outubro do ano passado, o cantor Leonardo foi condenado a pagar R$225 mil reais de indenização por manter seis trabalhadores em situação análoga à escravidão na Fazenda Talisma, de sua posse. Os trabalhadores foram encontrados morando em uma cabana abandonada com as piores condições sanitárias, com infestações de morcegos e insetos. Fezes dos animais foram encontradas no local. Para ter acesso à água potável os trabalhadores tinham que andar cerca de 2 quilômetros a pé.

Na ocasião, o cantor foi condenado a pagar uma indenização de R$225 mil reais para os trabalhadores. Em sua defesa à época, Leonardo chegou a afirmar que eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso”, alegando que a fazenda estava sob a administração de “um amigo”. 

Ambos os crimes são comuns entre figuras do latifúndio de novo tipo (“agronegócio”). Na última edição impressa de AND, o jornal denunciou o caso de duas famílias de latifundiários envolvidos em casos de fraudes e servidão. 

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