Uma mulher morreu após ter atendimento de emergência negado, no Hospital Getúlio Vargas, Penha, zona norte do Rio de Janeiro, no dia 28 de julho.Irene de Jesus Bento, 54, foi levada ao hospital, no dia 27, reclamando de falta de ar e dores no corpo, mas por causa da demora no atendimento voltaram para casa.
Foi o filho Rangel Marques, 35, quem denunciou a negligência do Hospital. Rangel contou que a mãe mal podia se sustentar sentada na cadeira de rodas, necessitando de ajuda para se manter. Mesmo debilitada, Irene não teve assistência. O filho, então, passou a procurar médicos no hospital que pudessem realizar os procedimentos necessários dada a emergência do caso e o não acolhimento por parte do hospital.
Depois de meia hora, a enfermeira que auferiu a pressão de Irene informou que o caso não era grave e que, portanto, o atendimento deveria ser feito em Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
“Ela disse que não atendiam caso que não fosse grave, somente se fosse baleado ou algum acidentado muito grave. Falou que a pressão estava 14 por 8, normal, e mandou embora.”, disse Rangel.
Às 15 horas, Rangel levou sua mãe a UPA da Penha, prédio ao lado do Hospital Getúlio Vargas, e esta foi encaminhada para a sala amarela e, somente após a primeira parada cardíaca, levada à sala vermelha para casos mais graves.
“Ela precisou ser amarrada, ficou muito nervosa, não conseguia respirar. Depois de sofrer três paradas cardíacas, decidiram encaminhar novamente ela para o Getúlio Vargas, por volta das 23h. Vinte minutos depois ela faleceu.”, relatou Rangel.
Irene foi enterrada na cidade mineira de Miraí. O filho diz que lutará por justiça. “Vamos processar o estado, agora vamos lutar por justiça para não ficar impune e não acontecer com outras pessoas. Se ninguém fizer nada, vai continuar acontecendo.”, exclamou. “Não é dinheiro, não é nada. Quero justiça. A nossa família é unida e ninguém precisa de dinheiro de governo, não”, completou.
Segunda morte por descaso
O caso de Irene não é o primeiro. A família de um idoso também acusa o Hospital de negligencia. José Emídio, 80, levou um tombo e foi levado ao hospital no sábado. Mesmo sem conseguir se alimentar, falar ou andar, José teve alta na segunda e faleceu pouco tempo depois.
Após as denúncias a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro criou uma comissão para intervir no Hospital Getúlio Vargas. O objetivo da intervenção, segundo a secretaria, é reavaliar todos os protocolos assistenciais e de classificação de risco das unidades de saúde.
Organizações Sociais (OS)
O Hospital Getúlio Vargas é administrado pela OS Pró-Saúde. No ano de 2016, das dez OSs que atuavam no Rio de Janeiro, oito estavam sob investigação do Ministério Público (MP) estadual e em ações do Tribunal de Justiça (TJ) por suspeita de irregularidades.
As denúncias vão desde não fornecerem condições adequadas aos pacientes, até supostos casos de desvios públicos.