No dia 11 de abril, camponeses denunciaram, através das redes sociais, um ataque feito por pistoleiros a serviço do latifúndio contra a Ocupação na Fazenda Malhada, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os criminosos invadiram o território sem nenhuma ordem judicial, espancaram os camponeses, ameaçaram as famílias e incendiaram parte das terras.
Os camponeses relatam terem sido espancados com socos, torturados com spray de pimenta e ameaçados com o uso de arma de fogo. As famílias afirmam ainda que o latifúndio sobre o qual estão era improdutivo. “A Fazenda Malhada em Arcoverde (PE) é um latifúndio improdutivo e se apresenta como expressão de ódio contra o povo. Nós do MST reivindicamos a terra para a produção de alimentos. […] Exigimos a desapropriação imediata da fazenda, que o MDA/Incra faça uma intervenção o mais rápido possível, já estamos tomando as medidas necessárias para apuração da violência dos direitos humanos e dos crimes cometidos pelos jagunços e mandantes”.
Em 2023, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por meio da comissão de conflitos fundiários, realizou no dia 31 de julho, uma conciliação de litígio em benefício do latifúndio, decorrente da ocupação das terras da Fazenda Malhada. Esteve presente na comissão o próprio latifundiário Elisio Correia da Cruz Junior, sócio do filho do falecido Airon Rios, ex-deputado federal reacionário de Pernambuco, pelo partido Arena, durante o regime militar fascista.
De acordo com o portal do TJ-PE, foi firmado um acordo no qual ficou estabelecido que a desocupação do local fosse realizada até o dia 01/11. Dentro do acordo, o município de Arcoverde ofereceu a quantia irrisória de R$ 200 em auxílio-moradia durante seis meses para os camponeses.
O latifundiário também é ligado à prefeitura de Recife e participou, em 2020, como delegado do conselho da cidade, representando o empresariado ligado ao “desenvolvimento urbano” no plano diretor da cidade, onde atua no ramo imobiliário junto a Airon Rios Filho.
Apesar da influência política do latifúndio, os camponeses optaram por continuar ocupando a fazenda e levantando a bandeira da luta pela terra em um conflito que já percorre por mais de 20 anos.