Carros em chamas e confrontos de rua repudiam aprovação de ‘lei ônibus’ no Senado argentino

Ao menos trinta manifestantes ficaram feridos pela repressão. Povo respondeu com coqueteis molotovs e pedras.

Carros em chamas e confrontos de rua repudiam aprovação de ‘lei ônibus’ no Senado argentino

Ao menos trinta manifestantes ficaram feridos pela repressão. Povo respondeu com coqueteis molotovs e pedras.

A aprovação pelo Senado argentino da chamada “lei ônibus”, um pacote de privatizações e reformas que visa aprofundar as medidas de austeridade fiscal no país e concentrar mais funções no Executivo, no dia 12 de junho, foi duramente condenada pelo povo. Enquanto os parlamentares passaram a tarde em negociatas no salão do parlamento, os trabalhadores argentinos voltaram a enfrentar policiais do lado de fora do prédio durante uma grande manifestação contra o projeto. 

Os protestos foram duramente reprimidos pelo governo, que chegou a classificar os manifestantes de “terroristas”. Bombas de gás foram disparadas pela polícia, trinta pessoas foram presas e outras quarenta ficaram feridas. Os trabalhadores, dentre eles advogadose professores, não aceitaram a repressão sem revide, e mandaram 20 policiais para o atendimento médico com ferimentos de pedras, coquetéis molotov e outros objetos. Além disso, pelo menos dois carros foram incendiados, um deles do monopólio de imprensa Cadena 3. 

Do lado de dentro do Senado, o projeto terminou empatado depois de diferentes negociações e foi encaminhado pela vice-presidente do país e presidente do Senado, Victoria Villarruel, que deu o voto de minerva para autorizar a venda da Argentina. O texto, que agora segue para ratificação na Câmara, prevê, dentre os 238 artigos, uma reforma trabalhista que deve precarizar a situação dos trabalhadores, a atribuição de decisões econômicas, administrativas, energéticas e financeiras a Milei sem que precise de permissão do parlamento e a venda de dezenas de empresas estatais.. No início do projeto, a lista era de 40 empresas, mas os protestos forçaram a retirada de algumas como a Aerolíneas Argentinas (maior companhia aérea do país), o Correio Argentino e os veículos estatais de imprensa. 

Milei comemorou a votação momentos depois da aprovação através de um comunicado que exaltou a repressão policial. “Com grupos terroristas atacando o Congresso, tendo que mobilizar as forças de segurança em defesa da democracia, com a casta política resistindo e operando até o último momento, e tendo que recorrer ao desempate da vice-presidente da nação, Victoria Villarruel, esta noite é um triunfo”, disse uma nota do gabinete presidencial. 

A ideia do projeto de Milei é enxugar ao máximo o que ele chama de “gastos do Estado”, com cortes na previdência, saúde e Educação (universidades centrais argentinas estão em “estado de urgência”) para atender com mais fidelidade as exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país, beneficiando principalmente os magnatas mais ligados ao capital financeiro internacional. 

O povo denuncia como uma entrega do país aos imperialistas e um retrocesso secular. “Não podemos acreditar que na Argentina estejamos discutindo uma lei que nos leva 100 anos para trás”, denunciou o advogado Fabio Núñez à AFP.

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