‘Carta a um amigo’

‘Carta a um amigo’

Meu Prezado Cecil Seltzer,

E aí? Como está tudo?

Há quanto tempo meu amigo, hein? Por aqui tão jogando um futebol cada dia mais feio, marcado e calado pelo dinheiro. Tá tendo muito choro e sofrimento do nosso povo, mas que mesmo assim não deixa de cantar os seus sambas, tocando em frente. Pois desesperar jamais e aprendemos muito nesses anos. Afinal de contas não tem cabimento entregar o jogo no primeiro tempo (1).

Você viu os resultados da farsa eleitoral, não é mesmo? Pois é, o Capitão B… Suja (CBS) será o novo gerente do falido estado brasileiro. Mas é importante que se diga que as forças reacionárias obtiveram uma vitória de Pirro. Mais de 42 milhões de brasileiros rechaçaram a democracia burguesa não comparecendo para votar, votando nulo ou branco. Se somados os votos do candidato derrotado no segundo turno o placar foi de 89,5 milhões de brasileiros que não aceitam o CBS contra os 57,8 milhões que caíram na falácia do candidato da reação. Esse tal de CBS é um gigante de pés de barro. Sim é isso o que ele é!!!

Muita gente boa, progressista e democrata ainda está choramingando pelos cantos. Esse pessoal infelizmente ainda se ilude com a falsa “esquerda” que sempre aposta na conciliação de classes e é força auxiliar dos inimigos do povo.

Tenho repetido o que vários companheiros têm falado: o copo está meio cheio. Me perguntam de onde tiro tanto otimismo. Ora, meu amigo, por acaso existe classe de gente mais otimista que um comunista??? E esse copo vai transbordar em breve na grande luta popular. Se há repressão, existe resistência. É uma lei natural. Como diria Stalin: “os líderes vem e vão, os governos sobem e descem; somente o povo resiste, somente o povo é eterno”.

Mas afinal de contas o que fazer? A mudança não vai cair do céu como maná no deserto. Pois bem, meu velho, a missão das mulheres e homens avançados é se irmanar com o povo e contribuir para a sua organização. Lutar ombro a ombro, lado a lado com os moradores das favelas e cortiços, os camponeses dos assentamentos e acampamentos, os operários das fábricas, a juventude das escolas, universidades e periferias, os trabalhadores sem emprego, o povo nas praças e nas ruas. Servir ao povo de todo o coração e fazer a sua parte para que a festa dos oprimidos e explorados seja uma festa de arromba!!! Tudo isso com muita paciência revolucionária.   

Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão. Eu boto fé é na fé da moçada que não foge da fera e enfrenta o leão. Eu vou no bloco dessa mocidade que não tá na saudade e constrói a manhã desejada (2).

Apesar de dizerem que a gente já era, que já não há mais primavera, você sabe que a gente ainda nem começou!!!

Fui muito poeta nesta carta?

Sabe por quê?

Porque os fascistas não suportam poesia.

Um grande abraço,

Frank Calafate.

 

Referências:

1. Desesperar Jamais – Ivan Lins e Vítor Martins

2. E vamos a luta – Gonzaguinha

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