Republicamos abaixo carta enviada pelo leitor e contribuinte Thiago Dorea.
O ex-jogador de futebol Daniel Alves, condenado a quatro anos e seis meses pela justiça espanhola por ter estuprado uma jovem em uma boate em Barcelona e liberado após pagar fiança, ressurgiu nas redes sociais. De forma hipócrita, retornou clamando por “mais amor” e logo divulgou uma nova marca em uma ação de propaganda.
Nesta terça-feira (15), Daniel Alves retornou as redes sociais após pagar sua fiança (ou seja, um “seguro-estupro”). Como expõe o MFP (Movimento Feminino Popular) no seu artigo “Caso Daniel Alves: qual é o preço do estupro?”, este caso “escancara o caráter hipócrita da ideologia burguesa, que não vê as relações humanas mais do que meras mercadorias a serem negociadas como qualquer outra, e, no caso das mulheres, como objetos de consumo – que podem, como quaisquer objetos, ser precificados”. Agora, Daniel retorna de seu crime bárbaro de “cara lavada”, fazendo parcerias com a empresa Voxtom e dizendo que ‘o amor é a resposta’.
O MFP já havia previsto, “Para a burguesia, desde sempre, o crime compensa.” E tal postagem torna-se mais absurda quando outros quatro jogadores famosos, tão milionários quanto Alves, curtiram a postagem. Entre eles, Memphis Depay (Corinthians), Pedro (Flamengo), David Luiz (Flamengo) e Antony (Manchester United). Assim, comprova-se a tese que não há justiça “igualitária e cega”, onde o crime do rico a lei o cobre, onde todos estes atletas demonstram-se “solidários” ao estuprador, porém, não abriram o bico uma vez para se solidarizarem a vítima.
Em si, é irracional a tentativa de “quantificar” o valor do trauma físico e psicológico de um estupro, além de ser um claro mecanismo da burguesia para que apenas os pobres respondam pelos seus crimes, enquanto os ricos saiam sempre impunes. As ações deste atleta, fazem parte de uma profunda crise no que representa o esporte brasileiro e na decadência dos jogadores, seja em sua performance ou no que representam. Em um “país do futebol”, onde milhões de homens e mulheres se inspiram nos “grandes ídolos” como exemplos, se esforçando todo dia para ser como eles, como casos assim irão reverberar na juventude nacional se não negativamente?
Vivemos uma das piores fases da nossa história em relação à nossa Seleção e Campeonatos Nacionais, onde talentos geracionais com seus dezesseis anos já são vendidos para a Europa sem ter chances de nem passar cinco anos em solo nacional, que desvaloriza uma história construída por décadas, que só se torna cada vez mais decadente com inúmeros escândalos de corrupção na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), entidade em ruínas que só condenou publicamente Alves após inúmeras pressões externas. Com o machismo enraizado em uma confederação medíocre, Daniel jogou duas copas, e trouxe ao Brasil apenas enorme vergonha como estuprador.