Cartunistas de todo o país se uniram para defender o cartunista Renato Aroeira e o jornalista Ricardo Noblat, que estão sendo alvos de um inquérito aberto a pedido do Ministro da Justiça, André Mendonça, após a publicação de uma charge de Bolsonaro próximo a uma suástica.
Os cartunistas estão reproduzindo a charge de Aroeira. A reação é uma resposta a ameaça de censura e perseguição por parte do governo Bolsonaro/generais a profissionais artistas e jornalistas que criticam o governo.
A charge original mostra uma cruz vermelha com as pontas pintadas de preto, formando uma suástica e Bolsonaro saindo do local com uma lata de tinta e um pincel na mão e dizendo a frase “Bora invadir outro?”. Na charge também está escrita a frase “crime continuado”.
O Ministro da Justiça ainda pediu que o jornalista Ricardo Noblat também fosse investigado por ter compartilhado a charge na internet. O ministro usou como base o artigo 26 da Lei de Segurança Nacional que diz: “Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação”. Lei da época do regime militar fascista que foi mantida mesmo após a “redemocratização”.
Além das republicações das charges foi divulgada no dia 16 de junho uma carta aberta em defesa da liberdade artística e ao direito ao humor, assinada pela Associação dos Cartunistas do Brasil, a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturas do Estado de São Paulo, o Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
Num trecho da carta está escrito: “A função de toda boa charge é a de através do humor refletir e comentar por meio do desenho os acontecimentos de interesse do cidadão. A charge não é uma criação do nada, mas sim o termômetro do que o povo fala pelas ruas.”