O ex-capitão do Exército reacionário, Ailton Barros, preso ontem na Operação “Venire” da Polícia Federal, afirmou saber “quem mandou matar” a ex-vereadora Marielle Franco. A afirmação foi recolhida de uma conversa grampeada em novembro de 2021, entre o militar e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também preso ontem.
No áudio transcrito, Ailton Barros – apresentado publicamente, em campanha eleitoral para deputado estadual, como o “01 de Bolsonaro” – pede para que Mauro Cid consiga um visto para Marcelo Siciliano, ex-vereador acusado de chefiar “milícias” de extrema-direita e que fora investigado suspeito de mandar matar Marielle Franco. “Então, quem resolva que resolva o problema do garoto [Marcelo Siciliano], entendeu? Que tá nessa história de bucha. Se não tivesse de bucha, irmão, eu não pediria por ele, tá de bucha. Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”, afirmou Ailton.
Mauro Cid, Marcelo Siciliano e Ailton Barros estão sendo acusados de compor o esquema criminoso para fraudar cartões de vacinação do ex-presidente Bolsonaro. Num primeiro momento, segundo as investigações, Mauro Cid (braço direito de Bolsonaro) teria procurado Siciliano para emitir um certificado falso de vacinação em Duque de Caxias para sua esposa – região onde o ex-vereador comandava esquema no sistema de saúde. Em contrapartida, Siciliano pediu – por intermédio de Ailton – uma “troca de favor” para conseguir um visto para viajar ao USA. É nesse contexto que Ailton e Cid conversam e o primeiro afirma saber de “toda a história” da Marielle.
Cresce a passos largos o cerco contra Jair Bolsonaro. E quando um de seus cupinchas, em conversa com seu ex-ajudante de ordens e braço direito, afirma conhecer “tudo” sobre a morte da Marielle, é um grave sinal que levanta, imediatamente, a suspeita generalizada de que tal crime tenha partido precisamente deste meio.
Hoje, dia 4, Ailton prestou depoimento à força-tarefa da Polícia Federal que investiga o caso Marielle, e segundo o que saiu à imprensa deu respostas inconclusivas às perguntas. Muito aquém daquilo que se espera de alguém que “sabe a história toda”. A quem Ailton – o “01 de Bolsonaro” – está querendo proteger pela morte de Marielle?