Soldado indiano patrulha a Caxemira ocupada. Foto: Dar Yasin / AP
Na madrugada do dia 30 de dezembro, as forças da ocupação indiana na Caxemira assassinaram três jovens e, em seguida, alegaram que as vítimas eram combatentes da Resistência Nacional da região e que haviam morrido em um tiroteio. No entanto, as famílias dos mortos contestam a versão do velho Estado indiano e acusam-no de tentar incriminá-los para acobertar o crime.
Os familiares dos homens assassinados, identificados como Zubair Ahmad, de 25 anos, Aijaz Ganai, de 22, e Ather Mushtaq, de apenas 16 anos, organizaram um protesto em frente à sede da polícia de Srinagar, capital da Caxemira, um dia após o ocorrido, exigindo justiça para os jovens.
Segundo os parentes das vítimas, os três haviam viajado de suas respectivas cidades para Srinagar no dia 29/12 a fim de se matricularem na Universidade da Caxemira.
O caso se soma a outros antecedentes em que soldados, policiais e paramilitares indianos executaram caxemires e tentaram pintá-los como membros de grupos que lutam contra a ocupação e pela libertação da Caxemira.
Vide exemplo, em setembro a Índia foi forçada a admitir que um oficial do exército e dois associados haviam plantado armas nos corpos de três trabalhadores caxemires assassinados por eles para parecer que eram combatentes tombados durante um confronto armado. As mortes desses trabalhadores, em julho de 2020, geraram um enorme furor na Caxemira, e desencadearam diversos protestos.
A região da Caxemira é o único território da Índia cuja população é de maioria muçulmana, e sofre diretamente com a perseguição hindu do velho Estado indiano. Em agosto de 2019, uma canetada decretou a supressão da suposta autonomia que a região possuía (apesar de ser apenas em termos meramente formais) até então, e a dividiu em dois territórios submetidos diretamente ao governo federal: Jammu e Caxemira. A região foi sitiada e cercada por tropas militares e paramilitares, as redes de internet e celular foram cortadas e um toque de recolher foi instaurado.
Atualmente, cerca de meio milhão de efetivos indianos está mobilizado na região da Caxemira, sem contabilizar os grupos paramilitares que servem de força auxiliar.