A prefeitura de Caxias do Sul (RS) vai pagar R$ 3 milhões à família Magnabosco por conta de um caso questionável que circula no Judiciário há mais de 50 anos. Curiosamente, não prescrito e encerrado favoravelmente ao clã bilionário – apesar das claras evidências que poderiam levar à anulação da condenação do Estado –, o processo que beneficia os magnatas vai arrancar um valor maior que o orçamento da Educação para todo o ano de 2025 dos cofres do município.
O “Caso Magnabosco” foi iniciado quando a família Magnabosco, clã milionário dono de uma tradicional loja de departamento em Caxias do Sul, doou à prefeitura um terreno de 57 mil hectares para a construção da Universidade de Caxias do Sul, que acabou por ser construída em outro lugar.
Décadas após o fato, quando boa parte do terreno já estava ocupada por milhares de famílias assentadas de trabalhadores, conformando o atual bairro 1° de maio, o clã decidiu entrar com um processo judicial para reivindicar o terreno para si.
O pior é que a prefeitura – talvez propositalmente – aceitou pagar um valor mensal que vai girar em torno de R$ 3 milhões até que se chegue ao montante total de R$ 1 bilhão.
Para conseguir pagar a dívida, Milton Balbinot, secretário de Gestão Estratégica e Finanças, colocou à venda imóveis públicos, emitiu títulos de dívida e realizou a concessão, que é a entrega do serviço público para uma empresa privada, de diversos serviços municipais, ainda por cima aumentando a dívida municipal, que já soma o valor de R$ 942 milhões.
Em outras palavras, quando a questão é agradar os milionários, o céu é o limite para os políticos. O mesmo não é feito em relação ao povo, que, em Caxias do Sul, sofre com a falta de creches, violência policial e o aumento das restrições orçamentárias.