Desde muito tempo, os estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) vêm sofrendo com sérios problemas de segurança, seja no campus do Benfica ou no do Pici, no Porangabussu, onde a situação é especificamente grave. Segundo relato da estudante de medicina Rafaela, estudantes reportam novos casos de assaltos ou furtos em uma média de 4 a 5 vezes por semana nos grupos de WhatsApp.
O AND coletou relatos de dois estudantes de medicina: Matheus e Rafaela. Matheus sofreu grande prejuízo tendo o carro roubado: “Cheguei na faculdade por volta de 8:20, na hora do almoço fui andando até o carro com uns amigos e ele não estava mais lá”, relatou o universitário. Já Rafaela, sobre ter sido assaltada próximo ao restaurante universitário acompanhada de mais 3 amigas, disse: “É um absurdo a situação de vulnerabilidade que os estudantes do Campus Porangabussu estão enfrentando, há anos temos queixas e mais queixas de insegurança naquele campus. Sempre tentamos nos precaver, mas não há nenhuma medida que tomemos que nos livre da insegurança. Íamos sempre de carro com medo de ir caminhando, mas nem isso ajudou. Fomos assaltadas saindo do carro ao lado do RU, isso é um absurdo.”
Diante da situação, muitos estudantes reivindicam o direito a um transporte que rode o campus no horário do almoço, horário em que acontecem a maioria dos casos de assalto. Com a repercussão da situação, o reitor da UFC, Custódio, respondeu à demanda estudantil dizendo que o trajeto é “muito curto para ter um transporte”.
No dia 4 de fevereiro, os Centros Acadêmicos dos cursos do Porangabussu (Fisioterapia, Enfermagem, Medicina, Farmácia e Odontologia) organizaram um ato para protestar contra a situação de insegurança, saindo da Prefeitura do Campus e rumando até o Restaurante Universitário. Durante o trajeto, em conversa com um membro do CA de Fisioterapia, ele rebateu para nós a fala do reitor: “é, o trajeto é muito curto para se ter um transporte, uma van, mas é longo o suficiente para que sejamos assaltados”.
Em entrevista ao AND, um militante do Coletivo Carcará comentou: “O que acontece no Porangabussu é um descaso da burocracia universitária com os estudantes. Para o atual reitor, que se proclama tão democrático e progressista, parece que o importante é tirar fotos pomposas “puxando o saco” do ministro da educação, enquanto ignora as mais importantes demandas estudantis. O que ocorre no campus dos cursos da saúde também não é obra do acaso ou de uma falta de caráter aleatória e isolada de determinados indivíduos, é resultado do aprofundamento da situação de pobreza das massas do povo, que resulta em cada vez mais indivíduos recorrendo ao roubo e à criminalidade como método de conseguir sustento. Situação essa pela qual tem culpa no cartório o Governo Lula (continuador da política de inflação desenfreada e corte de direitos), que parece ser apoiado incondicionalmente pela atual reitoria da UFC, mesmo com a continuidade dos cortes na educação. Portanto, pensamos que, no particular, é preciso exigir o cumprimento da demanda estudantil por transporte universitário no horário do almoço imediatamente! No geral, como entendemos que a universidade deve servir ao povo e fazer ciência para o povo, também é dever da universidade denunciar e não “passar pano” para o atual governo quando este dá continuidade à política geral do Velho Estado reacionário de empobrecimento e retirada de direitos das massas, que ao fim e ao cabo é a raiz da criminalidade.”