Na última segunda-feira, dia 18/11, estudantes universitários protestaram durante um evento de campanha eleitoral do reitor da Universidade Estadual do Ceará, Hidelbrando Soares. Estudantes denunciam que durante a greve estudantil de 2024, que durou meses, o mesmo nunca pisou no Centro de Humanidades da UECE e agora, visando a reeleição, propôs uma “roda de conversa” no bloco.
A intervenção aconteceu em silêncio e estudantes esperaram o reitor terminar sua fala para expor a situação precária da universidade. Anteriormente, em maio, os estudantes protestaram implodindo um evento do reitor, e ele teria se referido a esse ato como “uma atitude de cães raivosos que não amam a UECE”. A intervenção desta segunda-feira desmoralizou a narrativa do reitor de taxar o movimento estudantil como inconsequente.
Os estudantes levaram cartazes ao auditório em que o reitor realizava o evento, denunciando a situação mais crítica da UECE: a falta de professores, que está na marca 482, a pior da história.
O representante do colegiado de Letras-Espanhol denunciou que só existem 3 professores efetivos no seu curso, que ele chega a acumular 70h semanais de trabalho, e que devido a precarização da universidade estadual muitos abandonam seus cursos na UECE para irem para a UFC.
Uma auxiliar técnico administrativa expôs que a condição da sua categoria é também precarizada, com trabalhadores, geralmente mais velhos ou idosos, acumulando muitas funções sem reajuste salarial.
O cardápio noturno do campus principal, campus Itaperi, que oferece apenas sopa, é uma questão que os estudantes lutam firmemente por uma mudança, para que a refeição noturna torne-se um jantar de verdade.
Já os discentes do CH da UECE, por não contarem nem com um restaurante universitário em seu campus, o campus Fátima, recebem sopa vinda do campus principal da universidade dentro de grandes toneis de leite, situação considerada insalubre por muitos.
Os estudantes afirmaram que muita gente prefere ficar com fome do que se alimentar nessas condições, e que suas famílias, suas mães, ficariam tristes em saber que é nessa situação que seus filhos estudam. O reitor usa de propaganda a construção de um refeitório que vem sendo feito no CH, o que não resolverá a situação, pois o necessário é um restaurante universitário.
O reitor alegou que “sempre foi solícito” a se reunir com os estudantes no CH, o que foi desmentido pelos ativistas, que expuseram a todos no evento que Hidelbrando nem chegou a pisar no Centro de Humanidades durante a greve.
No seu material de campanha à reeleição o reitor se compromete com várias promessas. Entretanto, algumas já foram pautas da greve de 2024, mas à época, Hidelbrando alegava que os problemas eram fruto de “questão orçamentária” e que a Reitoria não poderia fazer nada pois dependeria do Governo do Estado, do Elmano de Freitas (PT), liberar a verba.