PMs à paisana tentaram expulsar moradores da Ocupação Fazendinha, no Ceará. Foto: Reprodução
Um grupo formado por cerca de dez homens tentou expulsar cerca de 237 famílias residentes da Ocupação Fazendinha, no bairro Cambeba, em Fortaleza, no estado do Ceará, no dia 2 de junho.
Segundo as famílias, os homens foram até o local armados, levaram uma ordem judicial de “reintegração de posse” e disseram estar a serviço de uma construtora que supostamente seria “dona” do terreno e deram um prazo para que as famílias desocupassem o local.
As famílias ocupam o local desde o dia 27/04 deste ano. Eles afirmam que o local estava abandonado há cerca de quatro décadas.
“Todo mundo ficou com bastante medo porque eles estavam armados. De repente, começaram a chegar muitos homens e ficamos apavorados”, relatou uma moradora da Ocupação.
Assustados, os moradores acionaram a Polícia Militar (PM). Quando os militares chegaram ao local da Ocupação descobriu-se que cinco dos dez homens eram PMs que estavam de folga e que a tal ordem judicial era falsa e sem validade jurídica. O restante do bando fugiu antes da chegada dos militares.
Os homens foram detidos e levados para a Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar (CPJM).
“O major Messias chegou, foi dialogar com os que ainda estavam e identificou serem policiais militares. Ele constatou, portanto, que houve violação da atividade policial e executou a voz de prisão em flagrante”, explicou um representante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Ceará (OAB-CE), que acompanha o caso.
Trabalhadores ocuparam o terreno que estava abandonado há 40 anos com o objetivo de ter um lugar para viver. Foto: Reprodução
Intimidação
Apesar da prisão de parte dos PMs, moradores relataram que no dia 03/06 viram um casal próximo a comunidade, de acordo com eles a dupla estava vigiando o local e aparentavam estar armados. Um carro também foi visto rodando os entornos da Ocupação, em ação de intimidação aos ocupantes.
“Como o dono nunca tinha aparecido, as famílias entraram e montaram barracos, aqui tem muita gestante, muitas crianças. (É um espaço) bom pra gente poder tá mais sossegado, ter onde dormir, dormir nosso filhos”, desabafa uma moradora, que encontrou no espaço uma opção de não acabar em situação de rua.
A comissão também acionou a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) para denunciar o despejo ilegal.
A entidade ainda afirma que despejos não podem ocorrer sem ordem judicial e que estão proibidos durante a pandemia para garantir o direito à moradia de famílias neste período de crise sanitária.
Solidariedade
Em nota, através do seu blog, o Coletivo Carcará manifestou, sua total e irrestrita solidariedade e apoio às famílias da Ocupação Fazendinha, iniciando uma campanha de arrecadação de doações, com o objetivo de comprar cestas básicas e produtos de higiene pessoal para as famílias da ocupação.
A nota completa pode ser lida clicando aqui.