Uma série de ações da Polícia Militar (PM) e do Ministério Público Federal (MPF) deram indignação por seu caráter repressivo e cerceador contra a autonomia e democracia universitárias, além da livre expressão de ideias democráticas e antifascistas.
A Coordenação do Curso de Filosofia e o Centro Academia de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) denunciou uma invasão de policiais militares no Campus Fátima, no dia 12 de novembro. Segundo a nota de repúdio divulgada na internet, os policiais entraram no ambiente universitário e intimidaram alunos por meio de ameaças.
“A Coordenação do Curso de Filosofia e o Centro Academia de Filosofia da Uece receberam com enorme preocupação a notícia de que no início da tarde de hoje, dia 12 de novembro de 2018, dois policiais invadiram o Campus Fátima.”, manifestaram-se, em nota.
Segundo relatos de testemunhas, os policiais abordaram alunos que estavam no pátio central, com acusações difusas e indefinidos, demonstrando apenas um interesse de vigia e resultando em um ambiente tenso para todos os presentes.
MPF intimida professores universitários
A Uece, além disso, recebeu ofício do MPF, por meio da Procuradoria da República no estado do Ceará, no qual convoca a direção do Centro de Humanidades (CH) a se pronunciar sobre supostos “atos de violência e intolerância política e ideológica, principalmente no curso de Filosofia”. Além disso, o ofício do MPF pede esclarecimentos sobre a existência de uma organização de polícia ideológica, referindo-se ao movimento “Ação antifascista UECE-CH-Fortaleza”.
Os esclarecimentos foram solicitados pela procuradora da República, titular do Núcleo da Tutela Coletiva, Nilce Cunha Rodrigues. “Deve ser esclarecido sobre a existência de uma organização de polícia ideológica e de uma ação antifascista Uece-CH-Fortaleza, organizada por professores e alunos, com intensa atuação ameaçadora presencialmente e pelas redes sociais”, solicita o documento.
O Centro Acadêmico de Filosofia (Cafil) da Uece, representação dos estudantes do curso, afirma que houve diálogo com corpos docente e discente e o centro acadêmico não reconhece as ações apuradas pelo MPF. Segundo seus representantes, não houve relato de agressão verbal ou física dentro do ambiente universitário que tenha partido de professores, alunos ou funcionários.
A tentativa de equiparar a organização antifascista de estudantes do CH como uma “polícia ideológica” destinada à “perseguição” se trata de mais uma ação para criminalizar os movimentos estudantis, tal como as ações às vésperas do segundo turno das eleições neste ano (quando a Polícia Federal e os Tribunais Eleitorais invadiam universidades e cassaram a livre expressão).