Fonte: APEOC
Centenas de trabalhadores e trabalhadoras da Rede Estadual de Educação foram reprimidos e impedidos de entrar na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alce) durante cessão que discutiria a aplicação da draconiana “reforma” da previdência aos trabalhadores públicos do Ceará, no dia 18 de dezembro.
Durante a manifestação, vários carros e agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) foram acionados para impedir o protesto dos servidores. E, em uma ação arbitrária, só foi permitida a entrada de servidores, estagiários, assessores e funcionários terceirizados que trabalham na Assembleia mediante a apresentação dos crachás de identificação.
O “Projeto de Emenda Constitucional” (PEC) n.º 17/19, apresentado por Camilo Santana/PT, segue os moldes da draconiana “reforma” da previdência do governo federal, que teve sua aprovação garantida no parlamento à custa da liberação de mais de R$1,5 bilhão em emendas por Bolsonaro e o governo de generais.
Dessa forma, o corte direitos pretendido pelo governador visa mudar as regras de aposentadoria do funcionalismo público estadual do Ceará, elevando a idade mínima de 60 anos para 65 anos, no caso de homens, e de 55 para 62, para mulheres.
O protesto dos servidores contou com o apoio e a participação de sindicatos, movimentos e organizações populares, estudantes secundaristas e universitários, além de professores efetivos, temporários e substitutos das redes municipal, estadual e federal de ensino, demonstrando um alto grau de solidariedade das diversas categorias na luta em defesa dos direitos juntamente com os estudantes.
Fonte: APEOC
As medidas antipovo do oportunismo
Vale ressaltar que a “reforma” da previdência estadual é apenas um dentre vários projetos criminosos e antipovo que o governo oportunista de Camilo Santana/PT já aprovou e/ou ainda deseja aprovar no Ceará. Ainda neste mês de dezembro, o gerente de turno petista enviou um outro “projeto de lei” à Assembleia Legislativa, possibilitando a viabilização de transferência de recursos do erário público no valor de 1 milhão de reais ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com atuação no Estado do Ceará. A transferência descarada de dinheiro público para um dos tentáculos da imperialista Organização das Nações Unidas (ONU) é chamada formalmente pelos inimigos do povo de “subvenção social”.
Mais uma vez, o Estado do Ceará pode ser visto como um grande laboratório das políticas imperialistas para a educação, além de outras importantes áreas de responsabilidade do Estado e municípios, tais como a Ciência, a Tecnologia, a Cultura e o Esporte. Essas políticas são ditadas por órgãos e agências internacionais, controladas principalmente pelo imperialismo ianque, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Unicef e a própria ONU.
Os trabalhadores da educação, como em vários outros momentos na história das grandes manifestações ocorridas no Ceará, são a principal categoria a tomar uma posição classista em defesa de seus direitos, denunciando o oportunismo dos parlamentares conluiados com o governo e os demais traidores de classe, que vendem os direitos do povo em troca de migalhas e favores pessoais.
Professores respondem ataques com Greve
Inconformados e decididos a lutar, docentes da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em Assembleia da categoria, também aprovaram Estado de Greve no dia 10 de dezembro, levantando um sinal de alerta ao governo do estado, que nos mais diversos gerenciamentos de turno, contribuiu para a precarização e destruição sistemática das três universidades estaduais do Ceará.
Importante destacar que, além da UECE, existem também outras duas importantes instituições que estão presentes em municípios do interior do Estado: a Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
Fonte: ANDES-SN
Apesar dos esforços para precarizar as preciosas universidades estaduais cearenses, índices como o Ranking Universitário Folha (RUF), por exemplo, demonstram os bons desempenho da UECE, sendo considerada uma das melhores universidades estaduais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As classes dominantes locais, compostas por históricos reacionários e exploradores, em um ato de demonstração do mais puro desespero, tentam aprovar tais projetos antipovo em um final de ano, achando que com isso encontrarão mais facilidades e uma menor resistência das massas trabalhadoras.
A situação de crise no Ceará é generalizada e, além, da mobilização dos trabalhadores em educação, também policiais e bombeiros militares de baixas patentes lotaram a Assembleia Legislativa em protesto pelo reajuste salarial de suas categorias, no dia 05/12, demonstrando que a insatisfação é geral nos setores do serviço público cearense.
A única indicação do cenário atual é o acirramento das contradições de classes e o estabelecimento de lutas ainda mais agudas, que trarão novos desafios e novas experiências à classe trabalhadora, principalmente para os funcionários públicos. É possível perceber que até mesmo setores menos mobilizados estão insatisfeitos com as manobras do gerente petista, sinalizando que o ano de 2020 virá com muitas lutas a serem travadas por todos que defendem uma educação pública, gratuita, de qualidade e a serviço do povo trabalhador.
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